Prevalência e fatores associados à sífilis em parturientes admitidas nas maternidades públicas de Fortaleza, Ceará

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

21/12/2010

RESUMO

A sífilis, doença descoberta desde o século XV, continua a ser um problema de saúde pública, de difícil resolução e controle, por estar associada a fatores sociais e comportamentais que perpassam as questões da saúde. A possibilidade de provocar conseqüências graves ao feto quando ocorre a transmissão do treponema durante a gestação faz do seu controle uma prioridade para os organismos nacionais e internacionais responsáveis pelos cuidados com a saúde. Este estudo teve como objetivo conhecer e analisar a positividade do exame de VDRL em parturientes admitidas nas maternidades públicas de Fortaleza, Ceará. Trata-se de um estudo transversal, realizado nas maternidades públicas de Fortaleza, no ano de 2010. A amostra mínima de 214 parturientes foi calculada utilizando como parâmetros os 22.232 partos ocorridos nestas maternidades no ano de 2009, a prevalência de sífilis em gestantes (2,3%), um erro amostral de 2% e um intervalo de confiança de 95%. Os dados foram coletados de junho a setembro de 2010 através de um questionário, sendo complementados com informações de prontuários, fichas e cartões de gestantes. As parturientes realizaram o exame de VDRL na ocasião da admissão para o parto e os casos positivos, associados à ausência de tratamento correto anterior e à ausência de tratamento do parceiro sexual, foram interpretados como casos de sífilis. Os dados foram analisados no programa SPSS versão 18 e foram analisadas as variáveis sócio-demográficas, comportamentais, obstétricas e institucionais. Participaram do estudo 320 parturientes, sendo encontrados 17 (5,3%) casos de VDRL admissional positivo associados à ausência de tratamento anterior da gestante e do parceiro sexual. Essas parturientes foram consideradas portadoras de sífilis gestacional. A idade das mesmas variou de 17 a 36 anos, predominando a faixa etária de 20 a 29 anos com nove (60,0%) casos, com média de 24 anos (DP=5,8). Quanto à escolaridade, as parturientes com sífilis tinham em média 6,6 (DP=3,4) anos de estudo. Iniciaram a atividade sexual com até 15 anos, 13 (76,5%) das parturientes portadoras de sífilis. Baixa escolaridade, baixa renda, início precoce da atividade sexual, multiplicidade de parceiros, falhas na assistência pré-natal relacionadas a início tardio, a não realização do VDRL e ao não tratamento de gestantes e parceiros sexuais, parceiros usuários de drogas e queixas genitais foram os principais fatores associados à positividade do exame de VDRL solicitado na ocasião do parto. Os resultados apontam para a necessidade de reorganizar e integrar a rede de assistência à mulher no município de Fortaleza. O controle da sífilis em gestantes e da sífilis congênita é possível, desde que medidas de prevenção e de promoção da saúde e melhorias da qualidade da assistência pré-natal sejam desenvolvidas.

ASSUNTO(S)

sÍfilis - dissertaÇÕes gravidez - dissertaÇÕes saÚde pÚblica - dissertaÇÕes saude coletiva

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