Prevalência de demência em uma populaçäo de idosos residentes na comunidade. / Prevalence of dementia, in a cohort of elderly residents in the communidad

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2010

RESUMO

Introdução: A incidência de demência é o maior problema de saúde pública em populações envelhecidas, particularmente em países em desenvolvimento, nos quais a população idosa tem envelhecido explosivamente. Identificar grupos de risco é de vital importância para implementar promoção de saúde. A Clinical Dementia Rating (CDR) é uma escala válida para classificar a gravidade de casos de demência (leve, moderada e grave) e também é capaz de identificar casos questionáveis (0,5), ou seja, indivíduos que apresentam alteração no seu desempenho cognitivo, mas ainda não preenchem critérios para demência. Há muitas evidências que este grupo tem taxa de conversão para demência mais alta que o grupo de idosos normais. Objetivos: Verificar a taxa de conversão para demência em uma coorte de idosos (70+) vivendo em São Paulo, na comunidade, com CDR de 0 ou de 0,5 e identificar fatores associados. Metodologia: Uma amostra com 156 membros da coorte (n=440) incluiu todos os idosos com um Mini-Mental State Examination (MMSE) abaixo ou igual a 26 pontos e uma amostra daqueles com MMSE acima de 26, todos clinicamente avaliados para demência incluindo uma bateria neuropsicológica (BNP) na linha de base. A versão portuguesa do CDR (validada pelos autores) foi aplicada nos parentes ou cuidadores dos selecionados. Após recusas e mortes, 95 idosos foram reavaliados em um intervalo de dois anos e seis meses, em média. A taxa de conversão foi analisada segundo as características demográficas, saúde mental, independência em atividades de vida diária (AVDS), presença de fatores de risco cardiovascular, desempenho na BNP e classificação CDR inicial, usando o método de regressão de Poisson, tanto nas análises univariadas como na multivariada com o logaritmo natural do tempo de exposição como uma variável offset. O valor de significância considerado foi 0,05. Resultados: Dos 95 idosos reavaliados, 15 já eram dementados na linha de base e não foram incluídos nesta análise. Dos oitenta que nos ficaram para estudar, a maioria era do sexo feminino (72%) e a média de idade era 80,7 anos. 20% eram analfabetos, enquanto 21% possuíam oito ou mais anos de escolaridade. Dentre esses 80 em risco de conversão para demência, 50% tinham CDR 0 e 50% CDR 0,5. Destes últimos, 70% apresentaram a somatória de boxes do CDR menor ou igual a 1 e 30% com esta somatória maior que 1. A taxa de conversão para demência no período foi de 91,3/1000 pessoas-ano e não houve significância entre taxa de conversão e idade ou baixa escolaridade ou gênero, assim como com rastreamento de saúde mental positivo, com dependência nas atividades de vida diária, presença de risco cardiovascular ou BNP alterada no início do seguimento. Houve uma taxa de conversão maior entre aqueles com CDR 0,5 e mais importante naqueles cuja somatória de escores boxes foi mais alta que 1 na avaliação inicial, com risco de 5,69 vezes maior destes em relação ao CDR 0. Na análise multivariada, o CDR 0,5 e a somatória de boxes mais elevada foram as variáveis que se associaram à taxa de conversão para demência de forma independente. Discussão: A taxa de conversão para demência foi alta, como esperado para uma coorte com idade avançada. Essa taxa de conversão, no período observado, foi mais alta entre aqueles com CDR=0,5, e mais alta ainda se a somatória de escores boxes fosse maior, sendo estas as únicas variáveis independentes relacionadas à conversão para demência. Cabe, pois, recomendar o CDR na prática clínica para acompanhar idosos a fim de identificar um grupo de maior risco para demência.

ASSUNTO(S)

medicina preventiva clinical dementia rating population cohort dementia elderly sum of boxes scores clinical dementia rating coorte populacional demência idosos somatória de escores boxes

Documentos Relacionados