Praticas em vigilancia epidemiologica : maneiras de ver e de fazer

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2004

RESUMO

Em 1992, o Brasil adotou como meta a eliminação do sarampo até o ano 2000 e em 1994, outros países da região das Américas também estabeleceram essa meta. Considerando esse fato e, a partir da contextualização histórica sobre a estruturação e operacionalização do Sistema de Vigilância Epidemiológica brasileiro, esse estudo procurou caracterizar aspectos da prática de vigilância epidemiológica do sarampo e da rubéola desenvolvida no município de Campinas-SP. Em maio de 2003 foi implantado nesse município, com duração de 13 meses, o Sistema de Vigilância Sindrômica de Febre e Exantema (VigiFEx). Esse Sistema utilizou a abordagem sindrômica para detecção de casos de doenças febris exantemáticas e para sua implementação contou com uma estrutura própria além daquela existente na vigilância epidemiológica descentralizada do município. Para essa análise foram utilizados os dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação, o SINAN, referentes aos períodos de janeiro de 1999 a maio de 2004, e do sistema de informação paralelo utilizado no VigiFEx, o VigiFExEPI, referente ao período de junho de 2003 a maio de 2004. A análise foi baseada na epidemiologia descritiva dos casos notificados, na análise da qualidade dos dados dos sistemas de informação, na análise da adequação à definição de caso suspeito de sarampo e rubéola e na avaliação dos indicadores de qualidade da vigilância para esses agravos. A epidemiologia descritiva indica que a distribuição temporal dos casos notificados não corresponde totalmente ao padrão epidemiológico de sazonalidade esperado. A análise da qualidade dos dados aponta para falta e inconsistência de dados principalmente aqueles referentes a antecedentes epidemiológicos, dados clínicos, medidas de controle e conclusão do caso, em todos os anos. Quando comparados os registros comuns entre as bases de dados, observamos melhor qualidade dos dados na base VigiFExEPI, que nem sempre foram incorporados no SINAN. Em todos os anos, verificamos o baixo percentual de casos notificados que atendiam a definição de caso suspeito para sarampo e para rubéola, sendo que a maioria deles referia apenas presença de febre e exantema. Os indicadores da vigilância do sarampo e da rubéola demonstram que as oportunidades de investigação e de coleta e a adequação do encerramento são aqueles que mais se aproximam da meta estabelecida. Os demais indicam baixa oportunidade de encerramento, de envio de amostras e recebimento de resultados e baixa homogeneidade da cobertura vacinal entre os anos. Esta análise aponta para necessidade de investir em estratégias que visam ao maior comprometimento dos profissionais da saúde com as práticas em vigilância epidemiológica do sarampo e da rubéola. Além disso, também sugere uma revisão do gerenciamento dos sistemas de informação em saúde, para assegurar uma avaliação confiável e de qualidade do sistema de vigilância dessas doenças

ASSUNTO(S)

rubeola saude publica - administração epidemiologia sarampo doenças transmissiveis - prevenção

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