Práticas de tortura narradas em Torquemada (1971), de Augusto Boal

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2005

RESUMO

Este estudo teve como finalidade compreender e historicizar o texto teatral Torquemada (1971), tanto por meio da investigação das representações construídas sobre a tortura no período da ditadura militar no Brasil pelo dramaturgo Augusto Boal quanto através das relações entre a forma dramática em que a peça está assentada o sistema curinga e a experiência social. Verificamos que na elaboração da ação das personagens havia a intenção do autor em provocar um certo efeito no leitor/espectador, sempre oscilante e não excludente: ora com recursos para suscitar a identificação com as vítimas de tortura, ora promovendo a devida distância crítica para incitar o repúdio à violência mostrada em quase todas as cenas. Entretanto, para compreender a organização da narrativa com maneiras variáveis de implicar o leitor/espectador em relação à cena (identificação ou distância) exigiunos antes uma reflexão sobre o processo criativo do dramaturgo que buscasse referências e o repertório a que ele recorria. Problematizamos questões relativas ao público do Teatro de Arena embasadas nos depoimentos de participantes do grupo e nas interpretações de críticos e de estudos acadêmicos posteriores e as referências stanislaviskianas e brechtianas na atividade artística de Boal. Em seguida, nossa discussão convergiu para a elaboração e reprodução de dada linguagem teatral o sistema curinga verificada nos textos teóricos escritos por Augusto Boal, e nas interpretações elaboradas por críticos e por acadêmicos. Por fim, procuramos interpretar o texto dramático Torquemada, cientes de que a forma não existe em si, e que a estrutura do sistema curinga faz sentido apenas quando associada a um conteúdo transmitido.

ASSUNTO(S)

história história e teatro - brasil historia teatro diatadura militar boal, augusto - 1931 - torquemada - crítica e interpretação

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