Política social de prevenção à gravidez na adolescência : uma questão de saúde pública

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

O número de adolescentes grávidas vem aumentando nos últimos quinze anos, e os dados demonstram o aumento crescente e contínuo do número de gestações nesta faixa etária que segue o caminho inverso da fertilidade na fase adulta, atribuída ao advento da pílula anticoncepcional e dos preservativos masculino e feminino. A negligência, os maus tratos, a necessidade de creches comunitárias, são alguns fatores que elevam a gravidez na adolescência do status de problema social ao de questão de saúde publica, onde a resposta do Estado ainda se apresenta sob a forma de programas, projetos, ações que não alcançam de modo eficiente o seu objetivo que é reduzir o número de gestações. Este trabalho teve por objetivo analisar as representações sociais dos profissionais de saúde e dos adolescentes acerca da gravidez na adolescência, no contexto das reuniões de pré-natal do Hospital Regional do Paranoá no Distrito Federal, buscando compreender as dificuldades em implementar um serviço de prevenção a gravidez na adolescência, bem como o porquê da não adesão das adolescentes aos métodos contraceptivos. Para compreender esta realidade buscou-se elaborar uma pesquisa com o intuito de evidenciar a relação de partos realizados em adultos e adolescentes no Distrito Federal e Paranoá, no período de 2003 a 2006; analisar o discurso tanto dos profissionais de saúde quanto das adolescentes quanto à gravidez, e as dificuldades encontradas no decorrer do trabalho que é desenvolvido. Foram adotadas as perspectivas da dialética marxista de Karl Marx, que propõe perceber dentro do contexto histórico o movimento, a interlocução entre a objetividade e a subjetividade, e a perspectiva psicossociológica da Teoria das Representações Sociais de Serge Moscovici, que ressalta os saberes partilhados no senso comum trazendo a sua interpretação e construção do real.Os resultados indicaram que as adolescentes utilizam os métodos contraceptivos de modo esporádico, e sem a devida informação quanto ao uso, o que acarreta falha, favorecendo a falta de confiabilidade futura, evoluindo para o abandono do método. Contudo, não se pode descartar as adolescentes que decidiram ter um filho, arcando com as responsabilidades de seu ato. O imaginário social tanto das adolescentes quanto dos profissionais de saúde gira em torno da responsabilidade em gerar um filho, mas as variáveis abordadas são diametralmente diferentes. Para os profissionais de saúde a educação para uma futura entrada no mercado de trabalho deveria ser o eixo que norteia o momento mais adequado de se ter um filho, enquanto para as adolescentes ter uma casa, e condições financeiras (não necessariamente um trabalho fixo, apenas o mínimo para sobreviver) é mais relevante. Percebe-se que as duas vertentes não se encontram por fazerem, parte de realidades diferentes, onde em uma delas a visão de futuro ainda reside na construção de uma família. Portanto, a elaboração de uma política pública de saúde de prevenção à gravidez na adolescência requer a priori ouvir a demanda dos adolescentes a fim de traçar estratégias pautadas na realidade desses cidadãos, aumentando assim tanto o aporte para as ações quanto as possibilidades de sucesso.

ASSUNTO(S)

ciências humanas gravidez na adolescência política social

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