Pneumoconioses : casuistica de 25 anos do atendimento ambulatorial do Hospital das Clinicas da Unicamp, de 1978 a 2003, em Campinas (SP)

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2004

RESUMO

Os dados brasileiros sobre a epidemiologia das pneumoconioses são limitados; ainda não dispomos de informações suficientes para o dimensionamento desse problema em nosso país. A consolidação dos dados, que permitem avaliar os agravos à saúde e seus fatores intervenientes, é uma ferramenta fundamental para seu controle e a avaliação e para a elaboração de políticas de saúde, através da vigilância epidemiológica. Com o objetivo de estudarmos a demanda ambulatorial das pneumoconioses no Hospital das Clínicas da UNICAMP, realizamos um estudo descritivo baseado na análise de prontuários. Os critérios básicos de inclusão foram: diagnóstico de pneumoconiose; histórico ocupacional compatível; e um radiograma do tórax. Através do registro hospitalar, dos relatórios médicos emitidos pela Área de Saúde Ocupacional (do Departamento de Medicina Preventiva e Social da Faculdade de Ciências Médicas da UNICAMP) e da análise dos prontuários, foram obtidas as informações necessárias para a consolidação de um banco de dados. Detectamos um universo de 1.147 casos de pneumoconiose, diagnosticados no período de 1978 a 2003, sendo 1.075 (93,72 %) do sexo masculino e 72 (6,28 %) do sexo feminino, com média de idade de 47,9 ± 10,14 anos (mediana em 46,86) e tempo médio de exposição aos agentes causadores das pneumoconioses de 17,1 ± 8,4 anos. Quanto ao tabagismo, 634 (65,43 %) eram fumantes (21,93 ± 17,53 anos-maço), 335 (34,57 %) não fumavam e em 178 a informação não estava disponível. Quanto às queixas respiratórias, a dispnéia foi o sintoma mais freqüente (560 pacientes, ou 48,82 %), seguido por tosse (261, ou 22,76 %), catarro (182, ou 15,87 %) e chiado (168, ou 14,65 %). Foram identificados 1.061 (92,50 %) casos de silicose, 51 (4,45 %) de pneumoconiose por poeira mista, 15 (1,31 %) de asbestose, 13 (1,13 %) de pneumoconiose por rocha fosfática e 7 (0,61 %) de outras pneumoconioses (por carvão, grafite e metais duros). Os radiogramas foram classificados quanto à qualidade; em 1, foram 330 (28,77 %); 2, foram 293 (25,54 %); 3, foram 401 (34,96 %). Quanto à profusão, em profusão 1 foram 657 (57,28 %); 2, foram 339 (29,56 %); 3, foram 145 (12,64 %). Os radiogramas apresentavam diversas combinações de forma e tamanho; 192 deles foram classificados com grandes opacidades: A, 58; B, 72; C, 62. Foram realizadas análises comparativas entre o primeiro e o último radiograma do tórax dos pacientes que fizeram seguimento, para avaliação da progressão radiológica. Também foram comparados os radiogramas com tomografias computadorizadas de alta resolução do tórax (TCAR), para o estudo comparativo no diagnóstico das pneumoconioses. A demanda ambulatorial de pacientes com pneumoconiose no Hospital das Clínicas da UNICAMP, nos 25 anos de atendimento que cobrem o período de 1978 a 2003, é uma das mais expressivas do país. A silicose foi a pneumoconiose de maior ocorrência, entre esses pacientes, seguido da pneumoconiose por poeira mista, da asbestose e da pneumoconiose por rocha fosfática. Os pacientes com pneumoconiose são predominantemente ceramistas fundidores de louças sanitárias e estampadores de louça doméstica, procedentes dos municípios de Jundiaí e Pedreira, ambos no estado de São Paulo. Encontramos uma maior freqüência (780 pacientes, ou 68 %) com tempo de exposição a poeiras maior que 10 anos, caracterizando a predominância da forma crônica da doença. As pneumoconioses foram diagnosticadas predominantemente em pacientes com faixa etária entre 40 e 54 anos, caracterizando o acometimento de adultos em plena idade produtiva. A categoria 1 da profusão das opacidades foi a mais freqüente (ocorre em 657 radiogramas, ou 57,28 %), caracterizando predominância da forma simples da doença. Foram observadas progressões radiológicas, com aumento da categoria da profusão das opacidades em 18,55 %, e surgimento ou aumento do tamanho das grandes opacidades em 18,12 %. A relação entre os exames de imagem mostrou discordância entre o radiograma do tórax (padrão OIT) e a tomografia computadorizada de alta resolução (TCAR) para a definição do diagnóstico. A atualização e o aprimoramento do banco de dados foram consolidados através da inclusão de casos e do acréscimo de novas variáreis para o estudo das pneumoconioses

ASSUNTO(S)

pneumoconiose pneumoconiosis asbestose silicosis asbestosis silicose

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