PlatÃo e Freud: duas metÃforas da alma humana

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

1999

RESUMO

O objetivo deste trabalho foi fazer uma aproximaÃÃo entre as representaÃÃes da alma contidas em alguns diÃlogos de PlatÃo e nos textos da teoria psicanalÃtica de Freud. Ou seja, estabelecemos um espaÃo de confrontaÃÃo entre o modelo conhecido como tripartido que PlatÃo desenvolveu basicamente em A RepÃblica, Fedro e Timeu, e o modelo de alma desenvolvido por Sigmund Freud denominado segunda tÃpica, estabelecendo entÃo as convergÃncias e divergÃncias entre tais modelos. A dissertaÃÃo procura mostrar que o conceito de alma, como traduÃÃo do termo grego yuchv e do termo alemÃo seele, fez um longo e tortuoso trajeto desde seu aparecimento nos escritos de Homero atà os nossos dias e que apesar deste conceito ter sido, contemporaneamente, abandonado pela filosofia, os problemas associados a este conceito permanecem sob diversos nomes tais como indivÃduo, interioridade, identidade pessoal, sujeito, subjetividade etc. Para aproximar PlatÃo e Freud, segundo o complexo conceito de alma, foi necessÃrio fazer uma espÃcie de preparaÃÃo de terreno. Procuramos entÃo estabelecer um campo relacional que, no decorrer de nossa investigaÃÃo, foi determinado pela funÃÃo que possui os seus respectivos modelos no contexto de suas teorias. Segundo nossa anÃlise, PlatÃo e Freud, no que se refere Ãs suas representaÃÃes da alma humana, trabalham com tais modelos estabelecendo, claramente, que eles sÃo metÃforas da alma, na medida em que ela à uma realidade da qual sà podemos ter uma experiÃncia singular. PorÃm, para superar a simples constataÃÃo de analogias entre os autores investigados, foi necessÃrio ainda investigar seus pressupostos com relaÃÃo a suas concepÃÃes de ciÃncia, isto Ã, tivemos que examinar seus pressupostos epistemolÃgicos, definindo o significado do uso de metÃforas no contexto de suas teorias. Chegamos à conclusÃo que o uso de metÃforas constitui uma maneira de enfrentar os paradoxos na elucidaÃÃo da alma humana, pois guarda com esta a relaÃÃo do como se, e garante, deste modo, a manutenÃÃo da alma como lugar de incidÃncia de realidades ontologicamente diversas e paradoxais, tais como unidade e multiplicidade, sensÃvel e inteligÃvel, mesmo e outro, identidade e diferenÃa etc. Assim, para estes pensadores o saber psicolÃgico, em Ãltima instÃncia, à um saber da ordem do provÃvel que poderia, no limite, tornar-se conhecimento cientÃfico. Finalmente, depois de estabelecer as convergÃncias entre os modelos de alma propostos por PlatÃo e Freud, investigamos em termos de dinÃmica, isto Ã, em relaÃÃo à saÃde e doenÃa da alma, qual a maneira saudÃvel e tambÃm patolÃgica de organizar as diferentes tendÃncias da alma, o desejo como elemento central da alma e as diferenÃas entre o descentramento metafÃsico e o psicanalÃtico

ASSUNTO(S)

representaÃÃes da alma humana filosofia freud psicanÃlise platÃo

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