Pesquisa de Polymavirus-BK em transplantes renais: incidência e correlação com parâmetros clínicos e laboratoriais. / Research of Polyomavirus-BK in renal transplant recipients: incidence and correlation with clinical and laboratory parameters

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2010

RESUMO

Introdução: O Vírus BK (BKV) pertence à família Polyomaviridae, é um vírus não envelopado com DNA de dupla fita; está relacionado à cistite hemorrágica, estenose ureteral e, em alguns casos, câncer. O poliomavírus é encontrado em cerca de 80% da população geral, entretanto manifestações clínicas decorrentes dessa infecção são raras e limitadas a indivíduos com sistema imunológico debilitado. O BKV é um vírus com potencial para estabelecer latência e reativar-se. A reativação assintomática e um baixo nível de replicação são observados em cerca de 5% da população saudável. Na população de transplantados renais a reativação torna-se relevante, uma vez que 10-40% dos pacientes com infecção ativa pelo BKV podem evoluir para a perda do órgão transplantado. O diagnóstico da infecção pelo BKV pode ser realizado pela pesquisa de células decoy no sedimento urinário e/ou a quantificação da carga viral pela Reação de Polimerase em Cadeia em Tempo Real (qPCR). O tratamento não é baseado no uso de medicamentos mas na redução na dose de imunossupressor. Objetivos: Padronização da técnica de PCR em Tempo Real para quantificação da carga viral do BKV no plasma e urina e pesquisa de células decoy na urina dos pacientes submetidos ao transplante renal no período de novembro/2008 a maio/2010, do pré transplante até 12 meses pós transplante. Análise dos aspectos epidemiológicos relacionados à infecção e a correlação desta com outros parâmetros laboratoriais. Métodos: Análise do sedimento urinário através da coloração de Papanicolaou para pesquisa de células decoy por microscopia eletrônica. Para a padronização da PCR em Tempo Real no plasma e urina utilizou-se um controle positivo comercial do BKV com carga viral definida em 1,6x105cópias/μL para construção da curva padrão e betaglobina como controle interno. Baseado em técnica publicada por Randhawa e colaboradores em 2004. Resultados: Foram incluídos no estudo 81 pacientes acompanhados prospectivamente durante 12 meses, dos quais 70,3% pertenciam ao sexo masculino e com mediana de idade de 39 anos no momento do transplante. A citologia urinária forneceu positividade de 1,6% das amostras analisadas. A padronização da curva da PCR foi realizada mediante cinco diluições seriadas do controle positivo (1104); a inclinação da reta foi de -,60, o coeficiente de correlação de Pearson foi de r2=0,99 e a eficiência da reação foi de 91,6%. As amostras de plasma apresentaram variações na carga viral, 39,1% entre 1,08x104 a 9,51x104 cópias/mL; 26,3% com carga viral igual ou superior a 1x105 cópias/mL e 34,6% com carga viral inferior 1x104 cópias/mL. Definimos uma incidência de 29 casos por 100 pessoas submetidas ao transplante renal. Os aspectos epidemiológicos avaliados não apresentaram relação com os achados laboratoriais encontrados, e não houve a descrição de sintomas relacionados à infecção pelo BKV em pacientes, supostamente, com carga viral indicativa de infecção durante os 12 meses analisados. Conclusões: A padronização da técnica de PCR em tempo real ocorreu a contento, podendo ser comparada com trabalhos anteriores. Neste estudo definimos a replicação ativa do vírus em 26,3 %dos casos, com base na PCR em Tempo Real. Não caracterizamos os achados como doença, pois para tal faz-se necessário uma análise histológica, para a qual não houve indicação clínica. O resultado pesquisa de xiiicélulas decoy foi encontrado foi confirmado por outro analista que desconhecia os dados da pesquisa. Não foi possível definir outros parâmetros laboratoriais como preditores de infecção pelo BKV.

ASSUNTO(S)

polyomavirus infecções em transplantados renais pcr em tempo real microbiologia

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