Periodontite cronica, trabalho de parto e parto pre-termo em gestantes brasileiras

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2006

RESUMO

A prematuridade é responsável por altas taxas de morbimortalidade perinatal. Sabe-se que a infecção tem papel importante em relação à gestação com resultados adversos. Recentemente, atenção tem sido direcionada para a periodontite crônica (PC) como uma doença capaz de causar complicações na gravidez. O objetivo deste estudo foi investigar se existe associação entre PC e prematuridade e fatores associados em um grupo de gestantes brasileiras. Para investigar a presença de PC e trabalho de parto pré-termo (TPP) foram incluídas 124 gestantes em estudo de corte transversal, com idades entre 15 e 40 anos, sendo 68 com TPP e outras 56 em trabalho de parto a termo (TPT), atendidas nos serviços do Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher (CAISM) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), entre dezembro de 2003 e maio de 2005. Foram investigados os dados sociodemográficos, obstétricos, perinatais, bioquímicos e realizado exame periodontal no primeiro dia de puerpério. O diagnóstico da PC foi estabelecido analisando-se a profundidade à sondagem, perda de inserção clínica, sangramento gengival, placa bacteriana e cor gengival alterada. Realizou-se também coleta de 5ml de sangue periférico por ocasião da internação das pacientes, para identificação e quantificação de Proteína-C Reativa (PCR) e Proteínas de Choque Térmico (PCT) de 60KDa. A análise estatística usou os testes exato de Fisher ou x2 para as variáveis discretas, Mann-Whitney para as variáveis não-paramétricas e T Student para variáveis contínuas. O Odds Ratio (OR) foi calculado com intervalo de confiança de 95%. A análise estatística estabeleceu as razões de chance para as variáveis e estudo de regressão logística multivariada tipo stepwise e identificou fatores associados ao TPP e ao PPT. Os resultados mostraram que as gestantes com TPP apresentaram baixo nível de escolaridade (p=0,029) e número menor de consultas no pré-natal (p=0,0001) quando comparadas àquelas com TPT. Indicadores periodontais, como perda de inserção clínica e sangramento à sondagem, foram os mais observados no grupo de gestantes com TPP (p<0,0001 e p=0,012, respectivamente). A presença de PC elevou o risco para TPP (OR: 4,7 IC:95% 1,9-11,9), parto pré-termo (PPT) (OR: 4,9 IC:95% 1,9-12,8) e recém-nascido com baixo peso (<2.500g) (OR: 4,2 95% IC: 1,3-13,3). Das 124 gestantes, somente 118 participaram para identificar e quantificar os níveis de PCR e PCT de 60kDa (seis gestantes foram excluídas por problemas no processamento das amostras de sangue). Sessenta e quatro casos entraram em TPP e outras 54 em TPT. Dentre os casos em TPP, apenas 44 resultaram em PPT, tendo os restantes 20 casos evoluído para parto a termo (PAT). A PCR e PCT 60kDa foram analisadas por técnica de nefelometria e de ELISA respectivamente. Identificaram-se respectivamente 60,9% e 63,6% casos com PC no grupo de gestantes em TPP e PPT e apenas 27,8% e 35,1% no grupo com TPT e PAT. O TPP esteve fortemente associado com PC (OR=5,1 IC:95% 2,1-12,5), etnia branca (OR=2,6 IC:95% 1,0-6,4) e número de consultas no pré-natal menor que seis (OR=6,5 IC:95% 2,3-18,2). Da mesma forma o PPT também esteve associado com as mesmas variáveis. Não se encontraram associações significativas para idade, paridade, escolaridade, estado civil, PCR ? 0,5mg/dL e PCT 60kDa ? 3,125ng/mL, neste contingente de gestantes brasileiras. A periodontite crônica pode ser um fator importante a ser considerado nos casos de prematuridade, em determinados grupos de gestantes brasileiras

ASSUNTO(S)

periodontite doença periodontal trabalho de parto prematuro

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