Parasitos de canídeos domésticos e silvestres da região do Parque Nacional da Serra do Cipó - Minas Gerais, Brasil
AUTOR(ES)
Juliana Lucia Costa Santos
DATA DE PUBLICAÇÃO
2008
RESUMO
Nas últimas décadas doenças vêm ganhando papel de destaque entre os fatores que são causadores de extinção entre espécies silvestres, e maior enfoque tem sido dado àquelas transmitidas por animais domésticos, os quais crescem em número à medida que populações humanas aumentam em áreas naturais. OParque Nacional da Serra do Cipó (PARNA Serra do Cipó) e a Área de Proteção Ambiental Morro da Pedreira (APA Morro da Pedreira) abrigam populações de três canídeos silvestres: lobo-guará (Chrysocyon brachyurus,), raposinha-do-campo (Lycalopex vetulus) e cachorro-do-mato (Cerdocyon thous) e apresentam em seus limites comunidades humanas que criam animais domésticos, entre eles o cão. O presente estudo objetivou verificar a ocorrência de endo e ectoparasitos de cães pertencentes a moradores de algumas localidades da APA Morro da Pedreira e de enteroparasitos de canídeos silvestres do PARNA Serra do Cipó. Para isso foram realizadas: coletas de sangue de 56 cães pertencentes a moradores do entorno do Parque, fezes de 45 entre estes e ectoparasitos de 33 deles; necropsias de sete cães doados por esses moradores, sendo que desses foram também obtidos sangue e ectoparasitos; coletas, nas trilhas do Parque, de 38 amostras fecais de canídeos silvestres e entrevista com proprietários dos cães. Nas amostras fecais foram identificados os seguintes táxons: Ancylostomidae, Trichuridae, Toxocara sp., Spirocerca sp., Physaloptera sp., Strongyloides sp., Cestoda, Dipylidium caninum, Diphyllobothriidae, Hymenolepidae, Anoplocephalidae, Trematoda, Acanthocephala, Isospora sp., sendo predominante entre cães domésticos e cachorro-do-mato a família Ancylostomidae (42,2% e 60,0%, respectivamente) e em lobo-guará, Tichuridae (75,8%). Como achados de necropsia destacaram-se Ancylostoma caninum (57,1%), Dipylidium caninum (57,1%), Spirocerca lupi (42,8%), Toxocara canis (14,3%), Physaloptera sp. (14,3%) e Acanthocephala (14,3%). Dois cães (3,57%) apresentaram-se reativos aos testes sorológicos para leishmaniose e 41 (73,2%), para Babesia canis. Entre os ectoparasitos, foram encontrados Rhipicephalus sanguineus em 29 (87,9%) dos cães e Amblyomma cajennense em 27 (81,8%). Ctenocephalides felis felis esteve presente em 33 (100%) dos animais amostrados, sendo que, dentre essas, exemplares híbridos, os quais apresentaram variação na quetotaxia do metepisterno, exibindo características de Ctenocephalides felis felis e Cthenocephalides canis, foram encontrados em 15 (45,5%) dos cães, sendo este o primeiro relato de tal variação no Brasil. Provavelmente a sobreposição de áreas de canídeos domésticos e silvestres se dê com maior freqüência no entorno do Parque. Entretanto, são necessários estudos mais detalhados para determinar se ocorre transmissão de patógenos entre esses canídeos na área de estudo. É importante também que se conheça a ecologia dos cães que vivem em áreas de conservação, visando prever e evitar possíveis impactos causados por eles na vida silvestre, bem como a educação de populações locais, elucidando o significado de se manter seus animais sadios e com acesso limitado ao ambiente doméstico.
ASSUNTO(S)
lobo-guará cão parasito teses. cipó, serra do (mg) teses. parasitologia teses.
ACESSO AO ARTIGO
http://hdl.handle.net/1843/SAGF-8ACKXYDocumentos Relacionados
- Parasitos de canídeos domésticos e silvestres na região do Parque Nacional da Serra do Cipó - Brasil
- Aves do Parque Nacional da Serra do Cipó: o Vale do Rio Cipó, Minas Gerais, Brasil
- Sapindaceae na Serra do Cipó, Minas Gerais, Brasil
- Carrapatos (Acari: Ixodidae) em mamíferos silvestres do Parque Nacional da Serra da Canastra e arredores, Minas Gerais, Brasil
- Chrysobalanaceae do Parque Nacional da Serra da Canastra, Minas Gerais, Brasil