Panico e flor : projeto etico e fazer poetico em Murilo Mendes

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2001

RESUMO

Investigar algumas constantes da obra de Murilo Mendes (1901-1975) é a proposta deste estudo. Proponho a revisão crítica de sua produção, dividida comumente pelos estudiosos em duas fases principais. A primeira seria marcada por grande exuberância imagética e pela influência maciça de procedimentos surrealistas e essencialistas; a segunda, seria mais referencial e voltada para a manipulação da palavra. Analiso composições de livros como Poemas, O Visionário, Os Quatro Elementos e As Metamorfoses, considerados representantes da primeira fase, bem como Poliedro (1972), enquadrado na segunda fase de produção do poeta. Procuro mostrar que alguns aspectos das imagens de Murilo garantem a continuidade e coerência da obra, notadamente o que chamo de concretude. A dimensão concreta de sua imagética está relacionada não tanto à manipulação das palavras em si, sem maiores conseqüências para a significação ou o sentido. Pelo contrário, mesmo em momentos de brincadeira à primeira vista gratuitas com o significante (assinalo alguns em Poliedro), há que se investigar um sentido último, notadamente transcendente e relacionado quase sempre à dimensão religiosa da obra. A religiosidade, aliás, é outro aspecto insuficientemente analisado pela crítica, que costuma minimizar sua importância para a dita segunda fase. Já este estudo se preocupa em assinalar sempre um vigoroso projeto ético (comprometido com o Cristianismo, o Essencialismo e a História) aliado às diferentes realizações do fazer poético muriliano. Com o objetivo de delinear esse projeto ético, procuro analisar o alcance da referencialidade das imagens sobretudo em Poliedro, isto é, sua relação com o tempo histórico em que vive o poeta. Não que as referências à História não tenham sido fulcrais em toda a produção de Murilo Mendes, mas em Poliedro ela apresenta particularidades relevantes. E a dimensão narrativa do livro, favorecida pelo hibridismo do gênero em que é escrito, colabora na configuração dessa peculiar narratividade. Trata-se de prosa poética, de limites reconhecidamente fluidos e dificilmente demarcados

ASSUNTO(S)

poetica religião e literatura poesia brasileira

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