Padrões geograficos e estrutura de comunidade do estrato herbaceo da Mata Atlantica meridional / Geographic patterns and community structure of herbaceous layer of meridional Atlantic Forest

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

A Mata Atlântica vem experimentando alguns séculos de contínua devastação. O resultado deste processo é que, atualmente, restam cerca de 92.000 km 2 ou apenas 7,5% da cobertura original, na maioria em pequenos fragmentos disjuntos. Muitas espécies e informações já estão extintas antes mesmo de serem conhecidas. Por exemplo, muito pouco se conhece a respeito do estrato herbáceo, e estudos do estrato arbóreo ainda são insuficientes para responder muitas questões sobre a origem e os limites da Mata Atlântica, a estrutura comunitária e seus condicionantes, e os efeitos de fatores ambientais em sua composição. O termo "estrato herbáceo" foi empregado neste trabalho de acordo com duas principais definições: como um co~junto de plantas abaixo de uma certa altura, no primeiro I capítulo; e para incluir certos tipos de formas de vida ou crescimento, no segundo capítulo. f O primeiro capítulo foi realizado na Mata Ribeirão Cachoeira, SE Brasil (22°50 S - 46°55 0,680 m de altitude), um fragmento da Floresta Estacional Semidecídua, caracterizada por I um verão úmido e um inverno seco durante o qual cerca de 30% das árvores perdem suas folhas. Buscamos testar a hipótese de que a vegetação rasteira (plantas vasculares até um, metro de altura) está constantemente sob condições restritivas devido a uma dupla estacionalidade: restrição de luz na estação chuvosa e restrição de água na estação seca. A maioria dos descritores da comunidade apresentou valores significativamente maiores na estação chuvosa, indicando que a água no solo parece ser mais restritiva para a vegetação rasteira do que a disponibilidade de luz. Os valores de cobertura significativamente maiores na estação chuvosa poderiam indicar que muitas espécies do estrato rasteiro perdem pelo menos parcialmente suas folhas durante a seca. Entretanto, a ordenação das parcelas pela DCA indicou que essas diferenças não são muito grandes e que a comunidade permanece similar nas duas estações, corroborando parcialmente nossa hipótese. No segundo capítulo, buscamos testar a hipótese de que a flora do estrato herbáceo (espécies herbáceas terrestres) apresenta o mesmo padrão de distribuição que a flora arbórea, que sabidamente varia em gradientes associados à latitude, longitude e altitude. Para isso utilizamos metadados florísticos e computamos 947 espécies do estrato herbáceo em 41 locais de Mata Atlântica do sul e sudeste do Brasil. Classificamos as amostras como Floresta Ombrófila de Terras Baixas, Floresta Ombrófila ou Estacional Submontana e Montana. Consideramos uma matriz binária de 304 espécies distribuídas em 39 locais, na qual foram realizadas análises de ordenação e de agrupamento. Tod~s as análises distinguiram três centros tlorísticos: Floresta Estacional, Floresta Ombrófila de Terras Baixas e Floresta Ombrófila de Terras Altas (florestas Submontana e Montana juntas). Assim, o padrão de distribuição do estrato herbáceo é diferente daquele encontrado para a flora arbórea. Isto pode indicar que as espécies do estrato herbáceo são muito especializadas e que elas foram submetidas a processos biogeográficos diferentes daqueles que agiram sobre a flora arbórea. Este trabalho mostra a grande importância do estrato herbáceo para a compreensão dos efeitos da sazonalidade em Flor,estas Estacionais e dos processos biogeográficos na Mata Atlântica

ASSUNTO(S)

comunidades vegetais biogeografia plant communities atlantic forest (brazil) seasonality diversidade biologica estacionalidade biogeography mata atlantica biodiversity

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