Os usos sociais da escrita no cotidiano de camadas populares

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

1991

RESUMO

Esta dissertação tem como proposta básica uma análise dos significados da escrita para segmentos sociais economicamente desfavorecidos.Uma abordagem de caráter etnográfico, numa vila-zona periférica de Belo Horizonte-permitiu situar a escrita no contexto dos valores, das normas, da produção simbólica dos moradores dessa vila.Uma constatação relevante foi a de que a escrita participa do conjunto de valores desses sujeitos, ao lado de outros, a exemplo da religiosidade, do trabalho, da comunicabilidade, da família.Dadas as suas especificidades, ler e escrever constituem atividades mediadoras na construção de um projeto de pessoa que esses indivíduos se propõem alcançar,ou seja, a escrita permeia espaços e teorias de aprendizagem e de vivência das relações interpessoais. ALém de ultrapassarem as funções informativa e comunicativa, as peculiaridades dos usos da escrita, nesse universo social, permitem refazer algumas representações construídas por um senso comum de um discurso acadêmico, entre elas a da predominância de um uso estritamente pragmático da escrita e do seu papel enquanto mecanismo de ascensão social para as classes trabalhadoras. Outra vertente representativa desses moradores aponta para as classificações criadas a partir do letramento. Nesse limite, foi possível ampliar uma polissemia dos termos "oficiais" analfabeto, semi-analfabeto, alfabetizado, estudado.Enfim, a quantidade de materiais escritos circulam nessa Vila, somada às variadas funções e usos que deles se fazem, permitem afirmar que as representações sobre o letramento, por parte desses sujeitos, apresentam especificidades e lógica própria, quando comparadas às representações de um discurso dominante.

ASSUNTO(S)

educação teses escrita aspectos sociais

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