Os desdobramentos de Salome : leitura da poesia erotica de Gilka Machado

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2003

RESUMO

Considerando que a arte e a literatura produziram várias formas de conceber a imagem do feminino, vamos acompanhar como Gilka Machado apresenta a sua versão. Era comum, nesse fim de século XIX e primeiras décadas do século XX, que predominasse a visão masculina ditando especialmente um ideário delineador de uma beleza extraordinária na pele de suas perigosas heroínas. Assim, pode-se dizer que a personagem se fazia sobretudo no olho do homem que comandava a pena. Com Gilka, temos a atuação de uma autoria feminina dando seu toque pessoal à composição. Escolhemos acompanhar os desdobramentos do mito literário de Salomé, eleita como musa da poesia do amor, acreditando que as intervenções da autora correspondem ao propósito de assumir a busca pela construção de uma identidade sensual num momento em que não era dado à mulher tratar desses assuntos. Dotada de sensualidade, Salomé desata seus véus para revelar ou sugerir os mistérios da sexualidade feminina, de tal modo que pode ser tomada como uma personagem-chave para o desenvolvimento da poética do erotismo. Identificando-se com ela, a poeta não vai reproduzir os costumeiros opróbrios que os temerosos apaixonados lançaram sobre a bailarina, mesmo porque, parece pouco conveniente reforçar a execração, quando se espera tornar aceitável o comportamento mais liberal da mulher. Como ameniza o satanismo da musa, Gilka opera mudanças nos arquétipos literários fixados pelo decadentismo, de modo que sua poesia entra em conflito com as convenções literárias perfazendo um movimento de alianças e embates com a tradição. Levando em conta essas questões fundamentais, apresentamos uma leitura da poesia erótica de Gilka Machado em que se procura sentir os efeitos de uma especial sensibilidade feminina

ASSUNTO(S)

poesia erotica

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