Organização temporal da leitura oral na doença de Parkinson

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

Este estudo teve como objetivo estudar a organização temporal da fala na doença de Parkinson (DP), mais especificamente a velocidade de fala, pausas, tempo de silêncio das consoantes oclusivas e disfluências, verificando a interferência da levodopa nos parâmetros prosódicos, a partir da leitura em diferentes velocidades (normal, lenta e rápida), e comparando-a com um grupo que não apresentava a referida doença. Para tanto, foram realizadas gravações de uma passagem do EUROM1 em dez indivíduos com a DP, sendo cinco do sexo feminino e cinco do sexo masculino, e dez indivíduos idosos que não apresentavam a doença (grupo controle - GC). As gravações do grupo com DP foram realizadas em dois momentos: grupo experimental fora do efeito do medicamento (GE off) e grupo experimental sob efeito do medicamento (GE on). No GC, as gravações foram realizadas em um único momento. Os informantes foram solicitados a realizar a leitura em três modalidades: leitura normal (LN), leitura lenta (LL) e leitura rápida (LR) - nessa ordem. Para a análise da organização temporal, estudamos os seguintes parâmetros: tempo de elocução (TE) e de articulação (TA), número (NP) e tempo das pausas (TP), número de sílabas (NS), taxas de elocução (te) e articulação (ta). O tempo de silêncio das oclusivas foi marcado manualmente com o auxílio do espectrograma e sinal de fala, e as disfluências foram identificadas como: repetições, pausas preenchidas, falso início, prolongamentos, omissões e adições. Os dados foram analisados acusticamente no programa Praat 4.4.27 e estatisticamente no programa Microsoft Excel® na versão 2000 e Minitab 15. A partir da análise dos dados, pudemos observar que o GE apresenta velocidade de fala mais lenta que o GC ao realizar a LN. Na LL, o GE lentifica-se mais eficientemente, e, na LR, o GE acelera-se menos eficientemente, comparados com o GC. Após a administração da levodopa, observamos uma melhora dos parâmetros analisados, mas, mesmo assim, o desempenho dos parkinsonianos é inferior ao do GC. Quanto às pausas, essas se encontram, em sua maioria, entre períodos e com menor duração dentro dos períodos para a análise da LN. Nas diferentes modalidades de leitura, os resultados apresentados pelos indivíduos do sexo masculino não apresentaram diferenças estatisticamente significativas entre os grupos. Tal achado evidenciou que o fato de o indivíduo apresentar DP, fazer ou não o uso da levodopa, não faz com que ele empregue esse parâmetro, de forma diferente, para variar a modalidade de leitura. Para o sexo feminino, na realização da LR, as pausas apresentaram valores mais altos de duração para o GE off. Nas análises referentes ao tempo de silêncio das oclusivas, as durações apresentaram-se reduzidas para o GC, seguido pelo GE on e maiores valores para o GE off, reforçando a eficiência da levodopa para tal parâmetro. A ocorrência das disfluências foram mais acentuadas no GE off, sendo possível verificarmos que a DP prejudica a produção eficiente da comunicação, e essa deficiência é amenizada com o uso da levodopa, não chegando a ter um desempenho tão satisfatório quanto ao do GC.

ASSUNTO(S)

fonética acústica teses. lingua portuguesa análise prosódica teses. dopa (medicamento) teses. parkinson, doença de teses. distúrbios da fala teses. lingüistica teses. distúrbios da voz teses. leitura oral aspectos fisiológicos teses.

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