Operários da construção civil: acidentes e reinserção no mercado de trabalho / Works of the building site: accidents and reintegration in the job market

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2010

RESUMO

O presente estudo tem como objetivo conhecer como ocorre o processo de reinserção no mercado de trabalho dos operários que sofreram acidentes de trabalho e ficaram com incapacidade física parcial, estabelecendo-se como recorte os trabalhadores da construção civil na cidade de Goiânia. Optou-se por esses trabalhadores porque eles utilizam à força física e habilidades manuais no processo produtivo, expondo seus corpos constantemente aos riscos de um acidente. Buscou-se apresentar uma análise da transição da sociedade industrial para a sociedade de risco, socialização no trabalho até a consolidação da sociedade salarial e as transformações ocorridas no processo de reestruturação produtiva, do fordismo à acumulação flexível. Para isso destacaram-se dois grupos de autores, no primeiro estão Anthony Giddens e Ulrich Beck que discutem as conseqüências da modernidade. O segundo é formado pelos autores que investigam o mundo do trabalho, decidiu-se por aqueles que entendem a centralidade do trabalho enquanto categoria de análise, dentro de uma visão marxista, objetivando as relações sociais e as formas de organização do trabalho no contexto sócio-econômico que as envolvem. Contextualizaram-se os acidentes e mercado de trabalho como fatores que beneficiam a des-socialização dos trabalhadores. Para a compreensão da gravidade dos acidentes no mundo do trabalho, utilizou-se como principal fonte de dados as bases oficiais da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Os dados indicaram um cenário precário da situação internacional em relação aos acidentes de trabalho. A OIT estima que anualmente ocorram 2,2 milhões de mortes decorrentes de acidentes ou doenças relacionadas ao trabalho. No Brasil, estima-se que aconteçam três mortes a cada duas horas e três acidentes não fatais a cada minuto. Houve também a constatação que no setor da construção aconteceram os maiores índices de acidentes no trabalho. Em razão disso, esses dados consultados evidenciaram que os operários da construção civil desenvolviam suas atividades em condições precárias. O trabalho de campo utilizou duas técnicas de pesquisa qualitativa - observação participante e entrevistas semi-estruturadas. A observação participante permitiu a visibilidade de um canteiro de obra e atuação dos operários frente ao processo produtivo. Constatou-se que os riscos de danos à saúde do trabalhador são resultados das condições precárias do ambiente de trabalho e prática de atos inseguros como, por exemplo, o não uso devido dos EPIs. Essas práticas de atos inseguros foram analisadas com base nas Normas Regulamentadoras expedidas pelo Ministério do Trabalho e Emprego. As oito entrevistas realizadas permitiram conhecer a percepção dos acidentados sobre sua profissão, segurança, prevenção de acidentes, acidente de trabalho e retorno às suas atividades laborais. Os relatos apresentados pelos acidentados revelaram o trabalho como meio fundamental de inserção social, todavia os acidentes de trabalho deixaram seqüelas que impediam o retorno às suas atividades laborais.

ASSUNTO(S)

sociologia building modernidade accidents at work acidentes de trabalho modernity construção civil sociedade de risco e socialização society of risk and socialization

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