Oficinas de contos e narrativas: produções discursivas de cuidado no CAPS - Centro de Atençãoi Psicossocial

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

A ciência moderna tomou para si, entre outros, um dos maiores desafios o enfrentamento da loucura. Ter por objeto a des-razão humana representa a instauração de uma cruzada teórico-prática, que não por acaso resultou no nascimento de uma nova disciplina do saber médico a medicina mental. Em outros momentos históricos, os exageros, os desvios, os delírios, receberam as explicações possíveis da mentalidade vigente do período. A filosofia tratou inicialmente estas questões, estes comportamentos, sob o ponto de vista ético, da ética Aristotélica, entendendo que eram as inscrições na tabula rasa e as condições de sabedoria que determinavam o caminho seguido por cada um. Após, por um longo período, foi a moral cristã a determinante da correção humana e a juíza de seus desvios. E por um certo período da idade média como aponta Foucault, a loucura andou solta pelas ruas, com loucos de todos os tipos, os mais perigosos sendo mandados por mar para outros lugares fato que inspirou a Nau dos Loucos. Serviu também de inspiração para a literatura como o clássico Elogio da Loucura de Erasmo de Rotterdam. Foi no momento em que, na Europa a Lepra deixou de ser o grande temor social, pois que havia se construído uma grande quantidade de leprosários, e estes já sem função que se destinou sua nova população: os loucos. Mas ao local próprio a que foi destinada, a loucura exigiu, da nova racionalidade uma outra forma de compreensão, desta vez dada pela ciência. Traçou-se longo percurso, de avanços e recuos, por vezes de repetição. As grandes crises do saber apontam nas palavras de Basaglia (1972) para duas possibilidades: uma tentativa de superá-la só que através da manutenção das velhas estruturas; outra através de uma resposta renovadora, que deseja apresentar-se como positiva e capaz de reabsorver as contradições. Estes movimentos não são excludentes entre si, sendo possível sua coexistência principalmente nos períodos de grande transição das formas de pensar um determinado objeto ou realidade social. Aponto a partir de minha experiência profissional e pessoal, pois não há como não se envolver pessoalmente ao tratar de tal assunto, que dentro do paradigma científico de compreensão da loucura, em todo seu discurso teórico e técnico, houve um ponto quase intocado a subjetividade do louco!

ASSUNTO(S)

saúde mental atenção psicossocial saude coletiva oficinas de contos e narrativas

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