Obtenção e Caracterização do Extrato Seco Padronizado dos Frutos da Sucupira Pterodon emarginatus Vogel, Fabaceae / Collection and Characterization of Standardized Dry Extract of the Fruit of Sucupira Pterodon emarginatus, Fabaceae

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2010

RESUMO

A Pterodon emarginatus Vogel, conhecida popularmente como Sucupira Branca, pertence à família Fabaceae. Estudos científicos comprovaram atividades larvicida (Aedes aegypti), antiparasitária (Leishmania amazonensis), fungicida, bactericida, antioxidante, antiinflamatória, antinociceptiva e anti-tumoral nos frutos dessa espécie, que podem estar relacionadas com a presença de diterpenos, de modo particular, os derivados vouacapânicos. Esse trabalho teve como objetivo obter e caracterizar o pó, o extrato bruto e extrato seco padronizado dos frutos da sucupira. O material botânico foi moído, obtendo-se um pó grosso, apresentando 1,2% de voláteis. O perfil cromatográfico (CCD) indicou a presença dos marcadores vouacapânicos (ácido 6α, 7β, di-hidroxivouacapan-17-β-óico - Rf = 0,16; 6α, 7β, di-hidroxivouacapan-17-β-oato de metila Rf = 0,44; 6α, hidroxivouacapan-7β, 17β-lactona Rf = 0,71) e lupeol (Rf = 0,78). Foram observadas bandas de vibração na região do infravermelho coincidentes com as cinco bandas principais dos vouacapanos (-OH, C-H , C=O, C=C, C-O). O teor de terpenos totais foi de 9,3%. Procedeu-se a obtenção do extrato bruto por percolação em etanol a 95% P.A. Este apresentou pH 5,1, densidade relativa de 0,87, viscosidade de 25,43 mPas, teor de sólidos de 15,2%, teor de terpenos totais de 17,1%, o mesmo perfil cromatográfico e espectro na região do infravermelho obtido para o pó do fruto. Outro método utilizado para investigação de terpenos foi a cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massas realizada no extrato hexânico. Identificou-se a presença de voaucapanos e do lupeol. Em seguida, realizou-se o processo de secagem do extrato bruto por nebulização (spray drying), utilizando diferentes adjuvantes de secagem, fluxo de 0,19 L/h, vazão do ar 35 L/min, temperatura de entrada 110C, temperatura de saída 97C, bico aspersor tipo duplo fluido 1,2 mm. Os melhores resultados foram obtidos com o dióxido de silício coloidal (Aerosil) a 20%, proporcionando um aspecto de pó fino. A análise térmica realizada para o marcador 6, 7-dihidroxivouacapan-17-oato de metila demonstrou que os parâmetros de secagem foram seguros prevenindo a degradação térmica dos diterpenos. O rendimento do processo de secagem foi de 16,2%, a porcentagem de degradação de 10,9% e o teor de terpenos totais no extrato seco foi de 13,9%. O perfil cromatográfico foi mantido e o teor de voláteis foi de 3,5%. As fotomicrografias obtidas para o extrato seco mostraram partículas de formato irregular e esférico e superfície rugosa. O método analítico desenvolvido por espectrofotometria na região do visível para a quantificação dos terpenos totais no pó, extrato bruto e extrato seco foi validado apresentando-se seletivo, linear, preciso, exato e robusto. No teste de atividade antinociceptiva (capsaicina), o pré-tratamento com extrato seco de sucupira (ESS 1000 mg/kg + DMSO 20%) reduziu o tempo de reatividade em 50,9% em relação ao veículo. Os resultados obtidos permitem sugerir que o processamento tecnológico empregado para a transformação dos frutos da sucupira em extrato seco padronizado foi adequado, mantendo a qualidade química e a atividade antinociceptiva descritas. Esse trabalho representa a primeira descrição da obtenção do extrato seco padronizado e da identificação do lupeol nos frutos da sucupira.

ASSUNTO(S)

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