O simbolismo das identidades naufragadas no território Cantuquiriguaçu

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

28/09/2009

RESUMO

A política energética do Brasil sempre foi pautada pela construção de usinas hidrelétricas, consideradas mais baratas do que a maioria das outras formas de geração de energia. Em Cantuquiriguaçu, região localizada do centro-oeste do Paraná, foram construídas sete usinas. Só no rio Iguaçu, que limita a porção sul do território, existe hoje em operação quatro usinas de grande porte que causaram, e ainda causam, impactos socioambientais na região, sendo um dos maiores deles, o deslocamento compulsório de ribeirinhos para dar lugar aos reservatórios. Assim, nesta dissertação, buscamos compreender como o deslocamento compulsório dos atingidos pela construção da Usina Hidrelétrica Salto Santiago, no Território Cantuquiriguaçu, forçou a uma ressignificação do universo dos ribeirinhos, permitindo transformações na sua identidade. Para isto, inicialmente discutimos as concepções históricas do sujeito e as diferentes teorias da construção da identidade, sem nos prendermos a nenhuma em específico. Entendemos que falar de formação do sujeito e identidade implica considerar as diferentes visões sobre o tema, uma vez que dentro da modernidade as concepções mudaram, mas nem sempre se perderam. Elas continuam importantes e ainda nos ajudam na compreensão da identidade hoje. Não as descartamos, mas tentamos reatualizá-las para este estudo. Além de entender sobre identidade, foi necessário compreender a política energética brasileira, desde o período desenvolvimentista até os dias atuais, pois é ela que assegura a sistemática da implantação de usinas no país. Adentramos também no principal argumento contra a construção de usinas hidrelétricas, que é o impacto que este tipo de empreendimento gera às populações ribeirinhas. Fomos aqui auxiliados por pesquisas feitas em diferentes áreas do conhecimento, como em Engenharia, Sociologia, Antropologia e História, que mostram que quando se trata da construção de usinas hidrelétricas, os interesses socioambientais são deixados em segundo plano, preteridos pelos interesses econômicos. Aqui, finalizamos a primeira parte do estudo, que formou o referencial teórico-empírico, que nos auxiliou tanto na construção das perguntas de pesquisa como na interpretação dos dados coletados. Entramos, então, numa nova fase da pesquisa que foca, especificamente, o objeto de pesquisa. Assim, começamos a fazer um levantamento histórico e cultural sobre o Território Cantuquiriguaçu, tendo por objetivo encontrar como se formou o ribeirinho que vive às margens do reservatório da Usina Salto Santiago e, ao mesmo tempo, conhecer um pouco mais as usinas instaladas naquele espaço e os deslocamentos compulsórios de ribeirinhos produzidos por elas. Por último, com base na história contada pelos ribeirinhos e pelos representantes das instituições, mostramos como se deu a (re)construção das identidades dos sujeitos naquele território. Como utilizamos a hermenêutica de Gadamer para interpretar os dados coletados através do uso da história oral e das fontes documentais, buscamos interligar o objetivo com o subjetivo. Assim, foi possível compreender como a construção da Usina Salto Santiago e o conseqüente deslocamento de parte dos ribeirinhos produziu, devido à entrada de novas instituições, modificações em suas identidades.

ASSUNTO(S)

responsabilidade social da empresa usinas hidrelétricas - impacto ambiental política energética identidade social corporate social responsability hydroelectric power plants environmental impact statements energy policy social identity

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