O sentido de ser guerrilheiro: uma análise antropológica do Exército de Libertação Nacional da Colômbia

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

Esta tese é uma busca de significação da longa permanência de uma guerrilha revolucionária da Colômbia: o Exército de Libertação Nacional (ELN). A organização, que surgiu na efervescência da Revolução Cubana, na década de 1960, após 44 anos, ainda se mantém como projeto de luta armada. Nessa exploração, discutem-se elementos históricos da tradição de guerra colombiana e as formas de resistência armada dos setores subalternos, que constituem parte do acumulado simbólico e da memória da nova proposta de luta. A análise também se aprofunda no processo de construção identitária, no sentido de ser elenos, importante chave explicativa da unidade, coesão e persistência histórica do grupo. Entre os principais contextos significativos que configuram sua identidade estão: os laços de familiaridade, que os une no plano afetivo, a reconstrução da memória, que reforça seus ideais, e a moralidade religiosa, que fortalece seu compromisso e lhes dá uma valoração comum do mundo. Embora o ELN se defina como uma organização atéia, seguidora dos princípios científicos do marxismoleninismo, a morte em combate do sacerdote Camilo Torres ativou um dos princípios germinais da tradição cristã no interior do grupo: o sacrifício de Jesus pela humanidade, mensagem lida e traduzida à linguagem da luta social que se converteu em premissa de luta, sintetizada na insígnia de fundação NUPALOM (Nem um passo atrás, libertação ou morte), e na extensão do sentido de ser salvador (em vida) e mártir (na morte), como elemento estruturante e significante do ser e do agir desses militantes.

ASSUNTO(S)

religiosidade guerrilheiros - colombia - aspectos antropológicos guerrilhas - colombia identidade antropologia

Documentos Relacionados