O papel do autoconceito profissional na efetividade das equipes de trabalho

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2006

RESUMO

As transformações no mundo do trabalho nas últimas décadas levaram às organizações a enfrentarem altos níveis de competitividade buscando, assim, encontrar novas formas de trabalho, inovação e produção. Foi nesse contexto que surgiram, especificamente, as equipes de trabalho. Apesar da sua relevância, a pesquisa empírica nesse campo, sobretudo no Brasil, ainda pode ser considerada recente. Assim sendo, esta pesquisa teve como principal objetivo investigar o efeito do autoconceito profissional e das crenças dos indivíduos na efetividade das equipes de trabalho. Os critérios afetivos utilizados para mensurar a efetividade foram satisfação e comprometimento com a equipe. Realizaram-se dois estudos. O primeiro buscou construir e validar a escala de autoconceito profissional. Os dados referentes a esse estudo foram coletados em uma amostra de 505 trabalhadores, estudantes de cursos de graduação e pós-graduação do Distrito Federal e Goiás. O segundo, além de testar a escala validada no estudo 1, testou a relação entre as variáveis antecedentes e a efetividade (N=451) em 32 equipes de tecnologia da informação de duas organizações privadas de Brasília. Parte dos instrumentos foi aplicada no próprio local de trabalho dos participantes e recolhidos posteriormente. Outra parte foi aplicada via internet. Os dados foram analisados a partir de análises fatoriais e de confiabilidade e análises de regressão múltipla hierárquica. Em relação aos resultados, a escala de autoconceito profissional mostrou-se estatisticamente válida, com estrutura empírica de quatro fatores (Realização a= 0,90; competência a=0,77; Autoconfiança a= 0,77 e Saúde a=0,76), explicando 49,7% da variância total das respostas. Os instrumentos de crença na efetividade das equipes, satisfação e comprometimento com a equipe mostraram-se adequados estatisticamente, mantendo estruturas empíricas e índices de confiabilidade semelhantes a estudos anteriores. Quanto a relação existente entre as variáveis do modelo adotado, foi encontrado que o autoconceito e a crença contribuem para explicação tanto da variabilidade da satisfação com a equipe (R = 0,14), como do comprometimento (R = 0,19). Quanto maior a percepção de realização no trabalho, maior a satisfação (ß = 0,20) e maior o comprometimento com a equipe (ß = 0,32). Além disso, verificou-se que as crenças individuais moderam a relação entre o autoconceito (fator autoconfiança) e o comprometimento com a equipe. Os resultados demonstraram que quando as pessoas acreditam que as equipes são unidades de desempenho efetivas, aqueles que possuem mais autoconfiança irão apresentar níveis maiores de comprometimento. Os resultados da pesquisa evidenciam que os construtos auto-referentes, nesse caso o autoconceito profissional, são relevantes para compreensão da efetividade das equipes e apontam que a satisfação e o comprometimento são critérios que podem e devem ser utilizados para mensurar a efetividade das equipes de trabalho. Mais pesquisas precisam ser realizadas levando em consideração outros níveis de análise, além de outros tipos de equipes de trabalho. Estudos futuros devem aprimorar a definição do autoconceito, assim como a sua relevância na explicação de fenômenos organizacionais

ASSUNTO(S)

psicologia organizacional psicologia trabalho - aspectos psicológicos satisfação no trabalho

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