O meio ambiente prejudicou a gente

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2000

RESUMO

Iporanga é uma cidade histórica, ligada ao ciclo paulista do ouro, localizada no Alto Vale do Ribeira, também conhecida como “Capital das Grutas”, em virtude de possuir uma das maiores concentrações de cavernas do Brasil. A região possui, ainda, um dos principais remanescentes florestais de Mata Atlântica do estado de São Paulo. Esses fatos levaram a cidade a ser tombada como patrimônio histórico estadual e serem implantadas diversas Unidades de Conservação, tal como: o Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira (PETAR). Por outro lado, predominava a agricultura de subsistência, cuja base tradicional estava em desacordo com a questão ambiental. Associado à isso, a falta de alternativas econômicas adequadas à essa realidade levaram à marginalização da população local, induzindo-os às atividades de extrativismo vegetal, principalmente o corte do palmito e da madeira, e a exploração mineral, inicialmente o chumbo e depois o calcário. Por estarem localizadas em áreas restritivas, essas atividades foram consideradas ilegais ou irregulares, iniciando-se, assim, os conflitos. Desse modo, o estudo proposto visa investigar a trajetória das políticas públicas de preservação e desenvolvimento sócioeconômico incidentes na região, contraposto com a análise das representações sociais que levaram ao discurso “anti-preservacionista”, disseminado entre os moradores a partir da década de 70. A pesquisa teve um caráter histórico-sociológico, utilizando-se a observação participante como técnica para identificar os atores sociais envolvidos com o tema e suas relações com a realidade de Iporanga. A análise documental concentrou-se nos relatórios das ações do governo estadual e nos registros do que foi veiculado pela imprensa, principalmente, para o período que vai de meados da década de 50 até o início do período de gestão democrática (1983/85). Os depoimentos orais foram coletados no período de 1989/92 e envolveram 34 representantes de diversos segmentos da população iporanguense e agentes de proteção ambiental, fornecendo elementos para a compreensão da problemática e das disputas geradas no município. Observou-se que, apesar da complexidade da questão, a visão negativa atribuída à proteção ambiental, disseminou-se por causa das restrições impostas às atividades tradicionais de subsistência, da morosidade das ações do Estado, da desarticulação entre os órgãos de governo e da falta de continuidade das políticas públicas, tanto no nível estadual quanto municipal. Além disso, as ações implementadas promoveram, apenas, o distanciamento entre os atores sociais, seja pela falta de compreensão real do que se propunha, seja pela atuação de oportunistas que estimulavam os desentendimentos. De outro lado, verificou-se nos discursos dos entrevistados que há uma identificação do turismo, e de suas atividades associadas, como alternativa à problemática de Iporanga. (...continua)

ASSUNTO(S)

proteção ambiental politicas publicas educação ambiental desenvolvimento economico preservação

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