O graben de Palestina: contribuição à estratigrafia e estrutura do estágio rifte na bacia do Araripe, nordeste do Brasil / O graben de Palestina: contribuição à estratigrafia e estrutura do estágio rifte na bacia do Araripe, nordeste do Brasil

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2010

RESUMO

O Graben de Palestina compõe o conjunto de depocentros com orientação NESW a ENE, da Bacia do Araripe. Esta bacia foi implantada nos terrenos pré-cambrianos da Zona Transversal, da Província Borborema, imediatamente a sul do Lineamento Patos. A mesma faz parte da província das Bacias Interiores do Nordeste, relacionadas à fragmentação do supercontinente Gondwana e abertura do Atlântico Sul. O Graben de Palestina apresenta orientação NE-SW e uma geometria assimétrica, condicionada pela orientação NW dos esforços de estiramento crustal eocretáceo. As suas bordas apresentam comportamento distinto. A borda SE constitui uma margem flexural, caracterizada pelo contato em não conformidade da Formação Mauriti (de idade eopaleozóica, unidade basal da bacia) com o embasamento cristalino, sendo todavia afetado por falhas de rejeito moderado. Já a borda NW é continua e retilínea, marcada por falhas com rejeito significativo, que controlam o basculamento das camadas para NW. Nesse sentido, a Formação Mauriti é capeada pelas formações Brejo Santo, Missão Velha (que também ocorrem no Horst de Brejo Santo-Mauriti, a NW da borda falhada) e Abaiara, esta última restrita ao graben. A interpretação dos dados gravimétricos e de uma linha sísmica indicam que a falha principal tem rejeito variável, definindo duas porções mais profundas no graben, nas quais a coluna sedimentar pode atingir espessuras de até 2 km. Em relação à estratigrafia na Bacia do Araripe, na área de estudo, o pacote sedimentar agrupa três tectonossequências distintas. A Tectonossequência da Sinéclise Paleozóica é composta pela Formação Mauriti, depositada por um sistema fluvial entrelaçado. Segue-se a Tectonossequência Jurássica, cujo contexto tectônico ainda discutível (início do rifte neocomiano ou sinéclise pré-rifte ?), sendo representada pela Formação Brejo Santo, originada numa planície de inundação distal de canais fluviais efêmeros. A Tectonossequência Rifte, de idade neocomiana, inclui a Formação Missão Velha, cuja seção inferior representa um sistema fluvial entrelaçado a meandrante grosso, sendo interpretada como o Trato de Sistemas Tectônico de Início do Rifte. A seção superior da Formação Missão Velha é separada da precedente por uma importante discordância. Este intervalo inferior foi originado por um sistema fluvial entrelaçado, sendo capeado pela Formação Abaiara, originada por um sistema deltaico alimentado por um sistema fluvial meandrante. Ambos correspondem ao Trato de Sistemas Tectônico de Clímax do Rifte. Na área são distinguidas falhas NE normais a oblíquas, associadas a falhas NW que constituem estruturas de transferência, e falhas com direções variando de ENE a EW, estas com predomínio de rejeitos direcionais. Os sets NE e E-W exibem evidente paralelismo com estruturas do embasamento (em especial, zonas de cisalhamento), que devem ter sido reativadas quando do rifteamento eocretáceo. As falhas com orientação próxima de E-W apresentam componente direcional dominante, sinistral, caracteristicamente presente nos segmentos reativados do Lineamento Patos e estruturas satélite. Componentes direcionais dextrais, em geral subordinados mas localmente também expressivos, ocorrem nas falhas cujas direções variam entre NNW a NE. No contexto descrito para o Graben de Palestina, os modelos clássicos em distensão ortogonal ou pull-apart merecem ressalvas quando de sua aplicação. O Graben de Palestina não está limitado, nas suas extremidades, por zonas transcorrentes E-W (como deveria ser o caso no modelo pull-apart), o que sugere para o mesmo um modelo próximo ao estilo clássico de abertura ortogonal, ao passo que outros depocentros vizinhos, de mesma idade (como o Semi-graben de Abaiara-Jenipapeiro), exibem um estilo transtracional. Tais diferenças são controladas pela trama estrutural subjacente, do embasamento

ASSUNTO(S)

controle deposicional seção rifte mapeamento digital tectonoestratigrafia bacia do araripe(ne) geofisica evolução estrutural

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