O frame aula: uma análise sociocognitiva do discurso docente

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

25/09/2009

RESUMO

Esta dissertação integra o projeto-mãe Práticas de Oralidade e Cidadania (MIRANDA, 2007 - FAPEMIG/CNPq) cuja discussão central converge para a crise das práticas de oralidade nas instâncias públicas da sociedade brasileira e seu reflexo na sala de aula, almejando um repensar da educação lingüística em sua equação com a educação de valores éticos e morais. Este trabalho é um estudo de caso e tem como propósito investigativo compreender como os professores conceptualizam o frame Aula, quais as práticas mais comuns realizadas por eles e seus alunos nesta cena e qual a perspectiva sobre uma aula ideal. Nosso corpus investigativo, construído a partir de um instrumento um questionário semiaberto - é composto pelos discursos de 42 docentes do 6. e 9 anos do ensino fundamental, da rede municipal de Juiz de Fora - MG, distribuídos por vinte e uma escolas urbanas. A metodologia utilizada para a operacionalização dos dados integra procedimentos quantitativos e qualitativos. Ferramentas computacionais disponibilizadas pela Linguística de Corpus (programa WordSmith Tools) foram usadas para fazer emergir padrões de freqüência. O aporte analítico central se funda nos pressupostos da Lingüística Cognitiva, em especial os processos de conceptualização e categorização (LAKOFF e JOHNSON, 1999; LAKOFF, 1987; FAUCONNIER e TURNER, 2002; CROFT, W. e CRUSE, 2004; SALOMÃO, 1999, 2006; MIRANDA, 2002) e a semântica de frames (FILLMORE, 1977, 1979, 1982), com destaque para o projeto lexicográfico FrameNet (www.framenet.icsi.berkeley.edu ) . Os estudos da Antropologia Evolucionista (TOMASELLO, 2003) e da Psicologia Cognitiva (CLARK, 1996) sobre o caráter cultural e interacional da cognição humana e da linguagem somam-se a este aporte teórico, também enriquecido pela perspectiva crítica de uma Linguística Aplicada comprometida com uma agenda ética (LOPES, 2006; RAJAGOPALAN, 2003; MIRANDA, 2005, 2006, 2008) e pelos estudos de ARAÚJO (2002, 2009) sobre ética, democracia escolar e educação comunitária. Como conclusões analíticas, erigem-se duas perspectivas sobre o frame Aula - aula como uma prática de TROCAS e aula como uma prática de TRANSFERENCIA. Destas projeções, emergem duas metáforas conceptuais: AULA É TROCA e AULA É TRANSFERÊNCIA. A aula como TROCA é a perspectiva majoritária no corpus. A aula é definida como uma açãoconjunta entre o professor e seus alunos no encalço de uma concepção sociointeracionista de educação, os professores se reconhecem no frame Aula como os Trocadores1, isto é, como os protagonistas da cena que detêm o objeto da troca, seja ele matéria ou experiência. Neste sentido, reafirmam sua relação assimétrica com o aluno. As ações docentes descritas pelos professores propõem a interface com as realidades dos alunos. Enquanto que metade das ações discentes descritas negligencia o frame escolar. A responsabilidade pela aula ideal, segundo os professores, reside, primeiramente, no docente e, por último na Família e no Estado. A quase ausência da família nesta cena e, por outro lado, o largo protagonismo do professor são, sem dúvida, dados merecedores de atenção. Assim, a busca por ações interventivas que resgatem os valores morais e éticos da sociedade, equacionando-os a uma educação lingüística mestiça constitui uma meta urgente

ASSUNTO(S)

educação de valores educação linguística linguística cognitiva linguística aplicada education values linguistics education cognitive linguistics applied linguistics letras

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