O foco é no cidadão e o atendente como fica? : contexto de atendimento presencial, custo humano da atividade e qualidade de vida no trabalho

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2006

RESUMO

O presente estudo tem como objetivo geral levantar, ao longo de dois anos (set/2004 a jun/2006), os indicadores críticos do Contexto de Atendimento Presencial ao Público que impactam no Custo Humano da Atividade, comprometem a Qualidade de Vida no Trabalho e podem afetar a satisfação do cidadão pelo atendimento recebido. O estudo foi realizado num setor de Atendimento ao Público do Governo do Distrito Federal. Trata-se de uma pesquisa em Ergonomia da Atividade que utiliza os conceitos de Contexto de Produção de Bens e Serviços CPBS em suas dimensões (Organização do Trabalho OT, Condições de Trabalho CT e Relações Sócio-profissionais RS), bem como os conceitos de Custo Humano da Atividade em suas configurações (custo cognitivo, afetivo e físico). Buscou-se, também, viabilizar a interface desses conceitos com a concepção preventiva de Qualidade de Vida no Trabalho. O trajeto metodológico foi orientado pela Análise Ergonômica do Trabalho AET e englobou as seguintes etapas: análise documental, observações livres (28h), aplicação de escalas psicométricas (ECORT e ECHT), vistoria ergonômica e entrevistas estruturadas. Mesmo que se tenha suprimido a análise da atividade, que seria realizada por meio da observação sistemática, o que impede que se fale em um estudo stricto sensu da Ergonomia da Atividade, chegou-se ao pré-diagnóstico que poderá servir de base para novos estudos. O tratamento dos dados quantitativos foi feito pelo pareamento dos dados dos mesmos respondentes das escalas nos dois anos do estudo e a esse grupo deu-se o nome de veterano (N=56, n=48). Para tanto, fez-se uso do teste Wilcoxon (Estatística Não-Paramétrica) para verificar se houve modificações ou não de respostas nos dois momentos observados. Os resultados encontrados evidenciam: a) rígida organização de trabalho; b) precárias condições de trabalho; c) satisfatórias relações sócio-profissionais; d) alto custo cognitivo; e) moderado custo afetivo; e, f) baixo custo físico. Os atendentes desenvolvem estratégias de mediação para lidar com as adversidades do contexto que acarretam custo humano. Quando são eficazes, geram vivências de bem-estar, quando não, vivências de mal-estar. No caso, os indicadores negativos de adoecimento, absenteísmo e queda da produtividade sinalizam uma prevalência para as de mal-estar. Esse quadro é preocupante e indica que a Qualidade de Vida no Trabalho, no setor estudado, está distante de ser vivenciada. Em síntese, o local estudado está doente, os servidores estão adoecendo e os cidadãos estão insatisfeitos com o serviço prestado.

ASSUNTO(S)

atendimento presencial ao público custo humano do trabalho psicologia organizacional psicologia do trabalho e organizacional ergonomics of activity quality of working life qualidade de vida no trabalho satisfação personal public attendance ergonomia da atividade engenharia humana psicologia social labor human cost

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