O Fazer semiótico do Conto Popular Nordestino: intersubjetividade e inconsciente coletivo

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

28/02/2011

RESUMO

As narrativas populares são ricas em elementos do mundo natural nos quais subjazem conteúdos inconscientes. A pesquisa intentou uma reflexão em torno das imagens do inconsciente coletivo nas relações de intersubjetividade presentes nos contos populares nordestinos. Tal inquietude partiu da compreensão de que o ser humano não se constitui apenas como estrutura biológica, mas também como estrutura psíquica e social. Sob essa ótica, buscaram-se posições mais satisfatórias sobre a significação dos contos populares. Partiu-se da hipótese de que, subjacentes ao discurso do conto popular, encontram-se imagens do inconsciente coletivo, capazes de caracterizar as relações de intersubjetividade, entendendo que a intersubjetividade, como forma de constituição da subjetividade, emerge sob a performance dos sujeitos em relação à alteridade e que os arquétipos do inconsciente coletivo se manifestam, simbolicamente, através de mitos, magias e fantasias. A pesquisa foi direcionada a partir do objetivo geral que propôs analisar, sob a interface Semiótica e Psicanálise, imagens do inconsciente coletivo presentes nas relações intersubjetivas de enunciação e de enunciado que caracterizam o conto popular nordestino, a fim de perceber aspectos que identificam os sujeitos, as relações entre eles e entre o sujeito e seu objeto de valor. A fundamentação teórica privilegiou a semiótica greimasiana que explica a função semiótica, partindo de um percurso gerativo composto de três níveis: narrativização, discursivização e semântica profunda. A análise desta foi complementada pela semiótica tensiva de Fontanille que responde pelas inflexões dos valores axiológicos a partir de uma gradação intensa e extensa. Discutiram-se, ainda, as teorias do inconsciente, a partir de Freud e de Jung que, além de um inconsciente pessoal, propõe um coletivo. Em seguida abordou-se como o eu se constrói, seguindo o entendimento de que a subjetividade é constituída a partir da alteridade. Para situar o corpus, discorreu-se sobre a literatura do conto popular, considerando principalmente a origem, a estrutura e a identificação conforme o Catálogo do Conto Popular Brasileiro de Nascimento. O universo da pesquisa constou de duzentos e oitenta contos dos quais foram selecionadas nove versões entre aquelas levantadas no Nordeste brasileiro. Os contos foram codificados pelos grafemas iniciais dos vocábulos do título: As mil e uma noites (MN); O Macaco e o Rabo (MR); A Moura Torta (MT); Seu Nino (SN); As perguntas de Dom Lobo (PDL); O Boi Leição (BL); A aranha Caranguejeira e o Quibungo (ACQ); O macaco e a cabaça (MC); A menina dos brincos de ouro (MBO). Antes da análise, foram construídas uma sinopse e a segmentação. Na estrutura narrativa, identificaram-se os sujeitos semióticos, realizando um percurso em busca do seu objeto de valor, ora ajudado por um adjuvante, ora prejudicado por um oponente. Na estrutura discursiva, foram analisadas as relações intersubjetivas de espaço e de tempo, de enunciação e de enunciado, em que a riqueza simbólica dos contos revelou a presença dos principais arquétipos do inconsciente coletivo: o animus, a anima, a sombra, a persona e o Self, que se manifestaram sob diferentes imagens e contribuíram para a percepção dos vários temas. Na estrutura fundamental, elucidou-se a oposição bem versus mal como polo matriz para a emergência de outras oposições.

ASSUNTO(S)

inconsciente coletivo semiótica greimasiana conto popular letras folk tale greimasian semiotic collective unconscious

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