O fazer artístico como catálise: experiências do corpo e da dança

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

Nesta pesquisa, reflito sobre a dimensão intensiva do fazer artístico: pareceme que a arte (o estado criativo) pode catalisar e intensificar potências de mudança, abrir zonas de passagem e florescer novas conexões e potências. O sensível que ela produz deve ser diferente daquele que organiza nossa experiência cotidiana; dessa reorganização, transmutação ou metamorfose, sua potência política. Catalisar: termo emprestado da Química com um sentido especial. Catálise existencial-poética é como Guattari denomina o processo de busca por caminhos para novos territórios existências singulares, não serializados. Para dar forma às minhas reflexões, entrevisto os(as) sete intérpretes-criadores(as) de uma companhia de dança-teatro paulistana, a Cia. Nova Dança 4. Interessa-me apreender, através dos vestígios da natureza pulsativa, os movimentos coletivos de apropriação e invenção da vida que favoreçam a produção de existências singulares. Para quê se faz e se consome arte? Que êxtases são esse, os da poesia? Encontro dois caminhos de respostas: o do psicólogo russo Vygotsky (arte como técnica social do sentimento que opera a catarse) e o de Deleuze e Guattari (estética na relação entre formas e forças que pode catalisar a invenção de novos territórios existências). Pelo referencial teórico escolhido, não há como falar de arte sem falar de corpo. Pode-se falar na necessidade de se retomar o corpo naquilo que é mais próprio: corpo poroso, afetado pelos encontros e desencontros no mundo. Talvez algumas experiências da/na dança contemporânea possam inventar e construir corpos abertos a outras forças e intensidades Corpo sem Órgãos. Elementos que emergiram durante a construção dessa teia levaram-me a reflexões de cunho mais sociológico: aspectos institucionais da dança, da formação de grupos artísticos e do ser artista hoje. Também recupero a história da dança no Ocidente e os elementos constitutivos da dança Contato Improvisação (em diálogo com reflexões de Michel Foucault sobre poder/corpo). Para terminar, resgato a concepção de catarse, de Vygotsky, em busca de uma ampliação da noção de catálise. Entendo que a discussão da definição e uso desses dois termos, bem como sua reorganização, pode ampliar seu poder de criação-ação (em especial com o enredar nas artes cênicas em foco)

ASSUNTO(S)

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