O desenho como objeto de ensino: história de uma disciplina a partir dos livros didáticos luso-brasileiros oitocentistas

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

Este estudo, intitulado O Desenho como objeto de ensino: história de uma disciplina a partir dos livros didáticos Luso-Brasileiros oitocentistas, nasce a partir da insatisfação com o já-sabido: a ênfase dada à cultura grafocêntrica ao longo de toda a História da Educação. Objetiva diminuir a lacuna nos estudos sobre a disciplina de Desenho, principalmente no século XIX e identificar as raízes históricas do processo de transformação do conhecimento em Desenho em objeto de ensino para as escolas públicas luso-brasileiras. Trabalha em uma postura histórica, crítica e reflexiva e retoma a concepção da disciplina escolar como uma forma de Transposição Didática. Trata o livro didático - compêndios e manuais como materializadores e socializadores do saber, como objeto cultural e suporte da memória escolar. Analisa obras francesas, portuguesas e brasileiras a partir de categorias como a Obra, o Conteúdo, os Processos didáticos, os Autores e seus Interlocutores. Conclui, grosso modo, que a didática do Desenho luso-brasileira tem suas bases em idéias apresentadas desde Comenius e principalmente por Pestalozzi e é fruto do iluminismo francês a partir do manual ou Método Francoeur de Desenho Linear (1819), de Louis-Benjamin de Francoeur. Essa obra foi considerada como o best seller da produção didática em Desenho e divide o saber em Desenho em Linear e Geométrico, medido pela instrumentalização da mão. Este trabalho investigatvo analisa também as obras dos professores/autores portugueses Theodoro da Motta e José Miguel de Abreu e dos brasileiros Abílio César Borges, Olavo Freire e Manuel Raymuno Querino. Esses autores, entretanto, trataram do Desenho Linear mesmo que inserindo modificações e variações conceituais, associando-o a novas propostas didáticas como ora a a priori, ora a estigmográfica e ora a intuitiva. Esse saber sofre variações conceituais por influências austríaca, inglesa e americana, que ampliam o espaço de inserção e fragmentam o conhecimento em Desenho. A produção lusa se diferencia da brasileira pelo aspecto quantitativo, pela extensão do conteúdo selecionado, pela qualidade da organização da obra e das imagens e pela complexidade do conteúdo didatizado. Os ideais iluministas franceses de socialização do Desenho Linear a partir das escolas primárias desfaz a idéia de que nas escolas públicas de primeiras letras só se ensinava o ler, o escrever, e o contar.

ASSUNTO(S)

transposição didática didática do desenho história da educação luso-brasileira história da disciplina de desenho livros didáticos educacao

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