O comportamento clínico e histológico da pele do rato submetida ao uso tópico e injetável de Mitomicina C
AUTOR(ES)
Ribeiro, Fernando de Andrade Quintanilha, Borges, Janaina de Pádua, Zacchi, Flávia Fernandes Silva, Guaraldo, Lusiele
FONTE
Revista Brasileira de Otorrinolaringologia
DATA DE PUBLICAÇÃO
2003-03
RESUMO
OBJETIVO: A Mitomicina C é um quimioterápico que apresenta a capacidade de inibir fibroblastos in vitro. Esta característica a levou a ser usada experimentalmente em animais de laboratório e no ser humano, principalmente em oftalmologia, para inibir o processo cicatricial. Este trabalho visa acompanhar o processo de cicatrização de feridas cirúrgicas feitas em dorsos de ratos e tratadas topicamente com Mitomicina C, comparando-as com feridas no mesmo local, não tratadas. Propõe-se também a avaliar a resposta da pele quando injetada com concentrações diferentes do medicamento. FORMA DE ESTUDO: Experimental. MATERIAL E MÉTODO: Foram feitas, em 10 ratos, duas feridas cirúrgicas em seus dorsos. Uma delas foi tratada topicamente com Mitomicina C na diluição de 0,5 mg/ml por 5 minutos e outra não. O processo de cicatrização destas feridas foi acompanhado clinicamente. Posteriormente, os ratos foram sacrificados em períodos diferentes, e suas feridas estudadas histologicamente quanto ao grau de fibrose por dois anatomopatologistas. Posteriormente, três ratos foram submetidos a injeções intradérmicas com concentrações diferentes de Mitomicina C, e o comprometimento local foi avaliado clínica e histologicamente, sendo que apenas na concentração de 0,01mg/ml não se observou necrose tecidual. RESULTADOS: As feridas tratadas com Mitomicina C tiveram seu processo cicatricial retardado, com o desaparecimento das crostas locais 7 dias após o das feridas não tratadas. Ao exame histológico, observado separadamente por dois anatomopatologistas, observou-se no primeiro mês uma nítida diminuição do grau de fibrose nas feridas tratadas com Mitomicina C em relação às não tratadas. Este grau de fibrose se iguala, nas duas feridas, no terceiro mês. Quanto às diluições injetadas, notou-se clínica e histologicamente uma necrose tecidual proporcional ao grau de concentração (0,5; 0,1; e 0,05 mg/ml), que não foi observada na concentração de 0,01mg/ml. CONCLUSÃO: A Mitomicina C usada topicamente em feridas cirúrgicas em ratos retarda seu processo de cicatrização até a 4ª semana. Na 12ª semana este processo se equaliza. Quando usada intradermicamente, causa necrose tecidual apenas em concentrações elevadas. Estas características da Mitomicina C podem ser usadas, em otorrinolaringologia, como coadjuvante no tratamento de estenoses do meato acústico externo, imperfurações coanais, sinéquias nasais, estenoses laríngeas e quelóides.
ASSUNTO(S)
mitomicina c cicatrização inibição de fibroblastos
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