O ambulatorio de saude mental no contexto da reforma psiquiatrica : um estudo no Municipio de Taubate-SP
AUTOR(ES)
Egle Luz Lopes Sandini
DATA DE PUBLICAÇÃO
2002
RESUMO
Esse trabalho teve como objetivo reconstituir historicamente a criação do ambulatório de saúde mental no município de Taubaté, com base na análise dos documentos e de entrevistas. Inicialmente, apresentou-se a história da loucura, pontuando-se os processos de sua compreensão, inclusão e exclusão no universo social que fundamentaram o conjunto de idéias políticas, sociais e econômicas da reforma psiquiátrica. Delineou-se um paralelo entre a Reforma Sanitária e a Reforma Psiquiátrica, compreendendo-as como provenientes de movimentos sociais de denúncia das condições de vida da população. Assim sendo, viabilizou-se a efetivação das propostas reformistas na saúde pública e na saúde menta lque cuIminaram num processo de inclusão do cidadão na busca de seu direito à saúde, por meio da universalidade, eqüidade, integralidade e a ampliação da participação social. Os serviços extra-hospitalares apresentam-se como a alternativa ao modelo de internação vigente, apoiando-se no ambulatório como uma das possibilidades de atenção em saúde mental. O atendimento em saúde mental no município de Taubaté inicia-se em 1988. Nos quatro anos anteriores havia um atendimento médico, supervisionado por um psiquiatra de outro município. A equipe, gradativamente, constituí-se com o "ajuntamento" de alguns profissionais. Pela análise dos documentos e das entrevistas com os atores que participaram direta ou indiretamente da constituição do ambulatório em questão, pode-se identificar que, ao longo do tempo, a equipe preocupou-se em oferecer um serviço que atendesse às necessidades da população que a procurava. Buscou organizar seu trabalho de forma a priorizar a população de psicóticos e neuróticos graves, seus familiares e os egressos de hospitais psiquiátricos, embora acolhessem todos os que procuravam o serviço, tendo em vista ser esse o único atendimento público no município. Procurou mobilizar as instituições de saúde para a organização de um atendimento que contemplasse a urgência/emergência, os leitos de observação e os leitos de média permanência no Hospital Universitário, sem obter sucesso nesses doze anos, exceto com o atendimento no Pronto Socorro. Identificou-se que falta da concretização de uma proposta de trabalho hierarquizada, o isolamento da equipe, a ausência de outros níveis de complexidade, a carência de investimento para que a equipe se estruturasse apropriadamente para o atendimento, a fàlta de supervisão e a fàlta de recursos foram alguns dos aspectos estruturais que dificultaram a realização de um trabalho adequado. Por parte da equipe, as dificuldades centravam-se na lentidão com que a interação entre seus componentes acontecia, nas dificuldades na organização do serviço e no atendimento médico-centrado desvinculado do atendimento que a equipe realizava. Pode-se inferir que a complexidade se articulava no processo de trabalho, questionando a capacidade de os profissionais somarem saberes e fazeres, ou de somente ordená-Ios em dias e horas marcadas. A ausência de uma intervenção na equipe, fragilizada pelo desgaste do seu potencial de mobilização, culminou nos pedidos de transferência da maioria dos profissionais. Vale ressaltar que, nesse momento, houve o rompimento de uma situação mantenedora do caos, que mobilizou outros setores político-municipais, os quais assumiram o ambulatório de saúde mental no município de Taubaté.
ASSUNTO(S)
reforma sanitaria psiquiatria - aspectos sociais hospitais - serviços de ambulatorio saude mental saude - aspectos politicos
ACESSO AO ARTIGO
http://libdigi.unicamp.br/document/?code=vtls000293810Documentos Relacionados
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