Noção de competências e trabalho em uma universidade pública brasileira : um estudo com secretários de departamentos de ensino, pesquisa e extensão

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

25/08/2011

RESUMO

O presente estudo partiu do interesse em aprofundar o conhecimento sobre as relações de trabalho, os trabalhadores, a atividade de trabalho e os processos de gestão de pessoas no setor público. Nesse cenário, destacou-se a noção de competências. Um tema atual, frequente e bastante difundido no meio acadêmico e organizacional, mas que ainda apresenta uma lacuna significativa quanto a sua inserção nas Instituições Públicas. Optou-se por trabalhar com a noção de competências baseada, principalmente, nos estudos de Le Boterf (2003, 2006), Schwartz (1998, 2000, 2004, 2010a, 2010b) e Zarifian (1990, 2001a, 2001b, 2003). A instituição escolhida para a realização da pesquisa foi a Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), instituição existente desde 1954. Essa escolha também considerou a facilidade de acesso da pesquisadora ao campo por ser, além de estudante, também servidora nessa universidade. A questão que norteou o estudo foi: O que é ser competente nas práticas cotidianas da atividade de trabalho do servidor técnico-administrativo que atua na função de secretário de departamento de ensino, pesquisa e extensão da Ufes? Para responder, optou-se por uma pesquisa qualitativa. A estratégia adotada foi o estudo de caso, que utilizou como instrumentos: revisão da literatura, análise documental, entrevista semiestruturada, observação direta e grupo focal. A análise dos dados baseou-se na categorização proposta por Bardin (2004) e definiu duas categorias de análise: a primeira, que remete ao sentido dado pelos entrevistados a competências, e a segunda, que remete as especificidades da atividade de trabalho dos secretários de departamento nessa ótica. Cada categoria suscitou reflexões importantes para os processos de gestão na instituição. O estudo revelou que a noção de competências, identificada na Política Nacional de Desenvolvimento de Pessoal do governo federal, está presente, permeando a atividade de trabalho dos sujeitos de pesquisa. Esta presença, contudo, é desestruturada e carente de envolvimento e comprometimento dos trabalhadores, além de muito distante de se configurar como um processo de gestão na instituição ou de envolver seus processos decisórios. A pesquisa conclui que a Ufes precisa investir em um ambiente favorável ao desenvolvimento das competências individuais e coletivas, aliadas ao desenvolvimento das competências institucionais. Para isso será necessário definir metas claras e coerentes com os objetivos sociais da instituição, convocando os trabalhadores a adotar uma postura ativa na gestão do seu trabalho e a discutir criticamente a sua inserção na organização. Essa pesquisa teve o papel de tatear no escuro a noção de competências; escuro porque não existe nenhuma estruturação dessa noção na instituição pesquisada. A contribuição do estudo, nesse primeiro olhar, é em apontar como o movimento social das competências está além das práticas docentes no cenário universitário e é marcante na atividade de trabalho e nas políticas de gestão de pessoas que envolvem os servidores técnico-administrativos em educação. O estudo mapeia, dentro das limitações metodológicas, em que essa noção se insere e de que maneira ela é compreendida pelos Secretários participantes da pesquisa

ASSUNTO(S)

administracao competências atividade de trabalho universidade pública competencies working activities public universitiy

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