Neurotoxoplasmose : diagnóstico molecular, resposta imune e relação com transtornos mentais / Neurotoxoplasmosis : molecular diagnosis, immune response and relationship with mental disorders

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

02/02/2012

RESUMO

A neurotoxoplasmose é considerada uma grave complicação em pacientes com comprometimento do sistema imune e em crianças congenitamente infectadas pelo Toxoplasma gondii. O presente estudo abordou três aspectos da neurotoxoplasmose, o diagnóstico molecular, a resposta imune e a relação desta infecção com transtornos mentais. Com relação ao diagnóstico molecular, a eficiência das técnicas de nested-PCR (nPCR) e PCR convencional (PCRc) em detectar DNA do T. gondii foi avaliada em nove amostras de líquido cefalorraquidiano (LCR) de pacientes com neurotoxoplasmose, cinco amostras de LCR de pacientes com outras desordens neurológicas (dois com neurocriptococose, dois com neurosífilis e um com neurocisticercose) e amostras artificiais contendo diferentes concentrações do parasito. A nPCR foi positiva em todos os nove pacientes com neurotoxoplasmose, enquanto a PCRc foi positiva em somente cinco casos. As duas técnicas de PCR foram negativas em LCR de pacientes com outras desordens neurológicas. Nas amostras artificiais, a concentração de taquizoítos detectada por nPCR foi dez vezes menor do que aquela detectada por PCRc. Para avaliar a resposta imune, anticorpos das subclasses da IgG anti-T. gondii foram pesquisados em 19 amostras de LCR de pacientes com neurotoxoplasmose, utilizando ELISA padronizada com uma preparação antigênica de cistos do parasito. Os anticorpos IgG1, IgG2, IgG3 e IgG4 foram detectados em 84,2%, 73,7%, 36,8% e 36,8% dos pacientes, respectivamente. Não foram encontradas diferenças significativas entre as sensibilidades e as médias das absorbâncias das reações ELISA para IgG1 e IgG2, porém, as sensibilidades e as médias das absorbâncias das reações para essas duas subclasses foram significativamente maiores do que as encontradas nas reações ELISA para IgG3 e IgG4. A associação entre toxoplasmose e transtornos mentais foi investigada comparando as prevalências e/ou as concentrações dos anticorpos IgG, IgM e IgA anti-T. gondii, detectados por reações imunoenzimáticas, em amostras de soro de 41 pacientes com esquizofrenia, 38 pacientes com transtornos do humor e 95 voluntários sadios. Os anticorpos IgG foram detectados em 43,9% dos pacientes com esquizofrenia, 52,6% dos pacientes com transtornos do humor e 28,4% dos voluntários sadios. A prevalência da IgG e as concentrações desse anticorpo nos pacientes com transtornos do humor foram significativamente maiores do que as encontradas em voluntários sadios (p=0,0204 e p=0,0059, respectivamente). Por outro lado, não foram encontradas diferenças significativas nesses dois parâmetros entre pacientes com esquizofrenia e voluntários sadios ou entre os pacientes com esquizofrenia e transtornos do humor. Os anticorpos IgA foram detectados em um paciente (2,6%) com transtorno do humor e em um (1,1%) voluntário sadio, enquanto os anticorpos IgM foram detectados em dois pacientes (5,2%) com transtornos do humor. O presente estudo indica que a nPCR pode ser uma ferramenta potencialmente útil para a confirmação diagnóstica da infecção do sistema nervoso central pelo T. gondii e sugere que esse parasito poderia ser um dos possíveis fatores causais dos transtornos do humor. Estudos adicionais são necessários para compreender melhor a fisiopatologia da neurotoxoplasmose e sua associação com outras doenças.

ASSUNTO(S)

reação em cadeia da polimerase anticorpos transtornos mentais cerebral toxoplasmosis polymerase chain reaction antibodies mental disorders toxoplasmose cerebral

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