Motherhood of women with mental disorders / A maternidade de mulheres portadoras de transtornos mentais

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

Com o advento da Reforma Psiquiátrica, a saúde mental tem expandido sua atuação reconhecendo os papéis sociais para além da doença mental. Entretanto, estudos brasileiros que abordam a maternidade entre mulheres portadoras de transtornos mentais são escassos, considerando-se também restrita a produção acadêmica acerca da saúde mental da mulher. Correntes da psicologia consideram que a capacidade materna em oferecer boas condições de cuidado e ser acolhedora às necessidades do filho gera um ambiente adequado para o bom desenvolvimento psicológico da criança, colocando como pano-de-fundo a importância da saúde mental materna nesse aspecto. Este estudo tem como objetivo descrever como se apresenta o fenômeno da maternidade para mulheres usuárias de um ambulatório de saúde mental da cidade de Ribeirão Preto-SP, tendo como referencial teórico o Interacionismo Simbólico. Foram entrevistadas 20 mulheres, com ao menos um ano de tratamento ambulatorial, mães de ao menos uma criança de 7 à 12 anos. Para a análise dos dados foi utilizada a Teoria Fundamentada em Dados, a qual proporciona que se atinja uma teoria explicativa para o fenômeno através dos próprios dados coletados. Essas mulheres apresentam predominantemente o quadro de depressão. Foi identificado para o fenômeno como categoria central tentando se enxergar para permanecer lutando, que ocorre em meio ao contexto de falta de esclarecimentos sobre a doença, o reconhecimento do tipo de vínculo com o serviço e com profissionais saúde, a percepção do apoio familiar e o tipo de ajuda prestada pelo marido. Para que este fenômeno ocorra são condições que o causam a vivência do adoecimento, da maternidade e de conflitos no relacionamento conjugal, além do desejo de querer dar conta de tudo. As repercussões da doença no cotidiano interferem na tomada de ações que demonstram como essas mães lidam com o fenômeno. Para tanto, lançam mão de estratégias como o enfrentamento da doença e a maneira como lidam com o trabalho no contexto da doença. Tais ações geram como conseqüências a doença refletindo nos filhos e, por fim, a tentativa de ir levando a vida. Em meio a esses fatores, essas mulheres vivem a maternidade como uma realização normalizadora para sua vivência adulta, colocando-as em igualdade com as demais mães. Este é um papel social com o qual necessitam lidar e requer reconhecerem-se e enxergarem-se para que permaneçam lutando com as limitações impostas pela doença, bem como com as vicissitudes da vida. O reconhecimento da vivência dessas mulheres constitui-se em mais um passo em direção a melhor adequação dos serviços de saúde mental frente essa demanda. Ademais, evidencia a necessidade de investigar as dificuldades vivenciadas por mães portadoras de transtorno mental no cuidado de seus filhos, devido a seu propósito preventivo e de adequação dos serviços a essa demanda. Além disso, reforça-se a importância de que é preciso que os serviços as vejam para além de seu lugar de portadoras de uma doença.

ASSUNTO(S)

motherhood enfermagem psiquiátrica. mental health psychiatric nursing saúde mental health services serviços de saúde maternidade

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