Negras Marias: Memórias e Identidades de Professoras de História / BLACKMARIAS: MEMORIES AND IDENTITIES OF HISTORY TEACHERS

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

Esta pesquisa surgiu do interesse em compreender o papel da memória e da identidade na experiência do ensino de História de professoras negras. Para tanto buscou investigar como se dá a formação identitária de professoras negras a partir de suas memórias e no que se processa essa identidade no ser professora de História? Os fios de teorização e autores que me acompanharam na trajetória me conduziram às temáticas da Memória, do ressentimento e da identidade e, sobretudo, às fortes imbricações entre essas três dimensões, centrais à constituição do sujeito. E ao lado disso, a temática dos saberes docentes enquanto saberes plurais, históricos e em permanente processo de transmutação me fizeram juntar as relações entre Memória e Identidade para compreender o ser professor das mulheres negras. Tais fios auxiliaram-me na reflexão sobre as relações sócio-culturais construídas numa sociedade heterogênea como a nossa, e mostraram quais são os laços afetivos capazes de gerar boas lembranças e também os nós que prendem os ressentimentos no lado mais profundo da recordação. Orientaram-me também no diálogo travado com cinco professoras negras de História (de codinome Maria) no exercício de ouvinte diante de suas histórias de vida e das múltiplas identidades negras que aos poucos foram se descortinando em seus relatos. Identidades que são atravessadas por discursos sobre a identidade negra, discursos estes que não se fizeram somente por marcas fenotípicas nas mulheres que entrevistei, mas que se amplificam na imagem institucionalizada do que é ser mulher negra no Brasil. E estes discursos compõem-se de elementos historicizados, constituídos ao longo da História da formação da identidade nacional e estão presente nas reformas educacionais no Brasil. Ademais, esses discursos também fazem parte da memória do ser brasileiro, porém vêm carregados de sentimentos negativos, silenciados, doloridos, ressentidos como na análise de Pierre Ansart (2001). Quais foram os frutos desses discursos? Que efeito eles provocaram nas memórias das professoras desta pesquisa? Aliadas a esse movimento de análise vieram às reflexões sobre memória individual e coletiva, objetos da historiografia introduzida no Brasil nas últimas décadas do século XX. A memória teve sua importância na construção do imaginário sobre os processos identitários dessa negritude. A pesquisa foi realizada em Juiz de Fora - MG com professoras negras de História da rede pública municipal e se fez a partir do relato de histórias de vida destas professoras. Nesse sentido a História Oral, tendo a entrevista como recurso de investigação, se apresentou como um caminho plausível ao universo a ser revelado. E um conjunto de autores foi significativo em meu percurso de construção teórica e de análise do corpus de entrevistas, mas merecem destaque: Verena Alberti, Ecléa Bosi, Paul Thompson, Paolo Jedlowski, Pierre Ansart, Kabenguele Munanga, Andréa Medeiros, Eliane Cavalleiro, António Nóvoa, Jorge Larrosa, Selva Fonseca e Nilma Lino Gomes

ASSUNTO(S)

saberes docentes ensino de história identidade mulheres negras history teaching teacher knowledge identity women black educacao

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