Mulheres convivendo com drogas: vulnerabilidade e representações sobre AIDS.

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2001

RESUMO

O consumo de drogas, principalmente na forma injetável, tornou-se visível após disseminação da aids por esta via de transmissão, constituindo-se em um problema social de ordem mundial. Atualmente, o consumo de drogas é representado como um comportamento desviante, mais ainda quando praticada pela população feminina, o que vem corroborando para o ocultamento das mulheres adeptas da drogadição. As representações sociais constituem um saber compartilhado e elaborado socialmente que servem de orientação ao comportamento humano. A complexidade da disseminação da aids está sendo explicada pelo conceito de vulnerabilidade correspondendo à interação entre fatores de níveis e magnitudes distintos que facilitam ou dificultam a exposição de uma pessoa ou de uma população ao HIV. Tendo como problemática a disseminação da aids na população feminina decorrente do uso de drogas, este estudo tem como objetivo conhecer as representações sobre aids de mulheres usuárias de drogas e identificar situações de vulnerabilidade para aids decorrente da drogadição feminina. Optou-se pela abordagem qualitativa por permitir uma aproximação com o objeto de estudo a partir de suas múltiplas relações, percebidas a partir das falas das entrevistadas em suas vivências cotidianas tendo como pano de fundo a aids. Foram utilizadas as técnicas : observação participante no período de maio/99 a junho/00, em duas comunidades de Salvador-Ba, caracterizadas pelo alto consumo e tráfico de drogas; entrevista semi-estruturada, realizada com dezoito mulheres usuárias de drogas. Para o grupo pesquisado a aids é representada como doença da morte estando presente no dia-a-dia das mesmas como um risco muito próximo, fazendo emergir sentimentos de medo. Os relatos e as observações em campo levaram a conclusão de que o uso de drogas, independente da modalidade constitui-se em um fator de vulnerabilidade feminina para a aids, já que esta prática contribui para o entrecruzamento das principais vias de exposição à infecção pelo HIV, (sexual e uso de drogas) seja pela tendência das mulheres trocarem sexo por droga, seja pela manutenção de relações sexuais com parceiros usuários de drogas, sem o uso de preservativo. Isto posto, fica reafirmado a necessidade de assistência especializada para mulheres adictas de drogas com o objetivo de reduzir os danos negativos para elas próprias e para a comunidade de um modo geral. Para tanto, torna-se necessário a realização de novos trabalhos que tragam à tona a questão de forma a favorecer assistência adequado às mulheres usuárias de drogas, ampliando as possibilidades prevenção para a infecção pelo HIV e de diagnóstico precoce com tratamento adequado, quando infectadas

ASSUNTO(S)

aids vulnerabilidade representações sociais drogadição feminina enfermagem

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