Mulheres chefes de famÃlia em Ãreas zeis: gÃnero, poder e trabalho

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2005

RESUMO

Este trabalho analisa como se processa e se efetiva a chefia feminina em um bairro pobre da cidade do Recife-Pe. O pressuposto analÃtico que norteia a investigaÃÃo pauta-se na presenÃa das categorias poder (empoderamento feminino) e desigualdades (sociais, de gÃnero) como traduÃÃo da questÃo, considerando que a mesma se inscreve num contexto de pobreza e as relaÃÃes de gÃnero se configuram, simultaneamente, em ganho de poder feminino na famÃlia, obtido atravÃs da provisÃo econÃmica, e em desigualdade de gÃnero, presente na divisÃo sexual do trabalho e nas prÃticas de violÃncia domÃstica. O estudo baseia-se em pesquisa qualitativa, realizada a partir de entrevistas em profundidade e reconstruÃÃo das histÃrias de vida de 35 mulheres chefes de famÃlia, residentes nas Ãreas ZEIS do bairro da VÃrzea onde se verifica, atravÃs das trajetÃrias de vida, trabalho e cotidiano, o significado das prÃticas e valores instaurados como fatores de mudanÃas e permanÃncias, igualdades e desigualdades presentes em suas vidas, tanto no que se refere Ãs condiÃÃes socioeconÃmicas, quanto Ãs relaÃÃes de gÃnero. O aporte teÃrico de discussÃo e anÃlise dos dados està referendado na interlocuÃÃo entre a abordagem de gÃnero e teoria social, priorizando como base central de investigaÃÃo o aspecto relacional em suas dimensÃes micro e macro social. A discussÃo estende-se, ainda, aos campos da famÃlia e do trabalho. A anÃlise dos dados revela que as condiÃÃes atuais de vida e a situaÃÃo de provisÃo econÃmica da famÃlia estÃo associadas a um contexto de vulnerabilidades socioeconÃmicas que reporta Ãs histÃrias de vida dessas mulheres, marcadas pela pobreza e trabalho infantil. Como trabalhadoras encontram-se, atualmente, inscritas num quadro geral de precarizaÃÃo, informalidade e feminizaÃÃo das ocupaÃÃes. As relaÃÃes de gÃnero se constituem a partir de um quadro ambivalente de prÃticas e valores que transitam entre posturas tradicionais e modernas, sendo a esfera domÃstica, paradoxalmente, um lÃcus de desigualdades e de poder feminino. As responsabilidades pela manutenÃÃo e cuidados da casa e filhos continuam sob encargo feminino e geram sobrecarga de trabalho e doenÃas. A violÃncia domÃstica, tambÃm, aparece como um foco importante de desigualdade e discriminaÃÃo de gÃnero, mas nÃo se configura em passividade feminina. Por outro lado, estar provendo economicamente a famÃlia, diante da falta de provisÃo masculina, as tornam mais autÃnomas e com maior poder de decisÃo na esfera domÃstica. Atesta-se, por fim, que as ambivalÃncias e desigualdades sociais e de gÃnero, vividas por essas mulheres, nÃo lhes confere um estado vitimÃrio absolutizado nas condiÃÃes de pobreza e eternizaÃÃo da dominaÃÃo masculina, haja vista as estratÃgias de sobrevivÃncia, resistÃncia e poder que empreendem, ao longo da vida, seja em relaÃÃo Ãs condiÃÃes socioeconÃmicas de vida ou relaÃÃes de gÃnero no contexto familiar

ASSUNTO(S)

poverty gender pobreza female household headship chefia feminina sociologia gÃnero

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