Mudanças no estoque de carbono da biomassa lenhosa de florestas de várzea baixa da Amazônia Central ao longo de um gradiente sucessional

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

23/12/2009

RESUMO

Florestas tropicais acumulam grandes quantidades de carbono na biomassa lenhosa acima do solo (BLAS), mas existem incertezas a respeito da função das florestas alagáveis como sumidouras de carbono. Até hoje, nenhum estudo foi realizado para obter dados sobre taxas de mortalidade e recrutamento de espécies arbóreas nas várzeas da Amazônia Central. Estes dados são fundamentais para estimar o balanço de carbono na BLAS em estágios sucessionais de idades diferentes. O objetivo deste estudo é estimar mudanças no estoque de carbono da BLAS em florestas de várzea baixa da Amazônia Central ao longo de um gradiente sucessional utilizando dados de recrutamento, mortalidade e incremento de biomassa lenhosa obtidos em parcelas de observação permanente de 1 ha cada, monitoradas durante o período de 1999 a 2008. Neste estudo, um balanço de carbono estocado na BLAS foi realizado ao longo de um gradiente de sucessão na várzea baixa (alagada por uma coluna dágua média de 3,36 a 4.65 metros) abrangendo três estágios sucessionais de 30, 135 e 250 anos de idade. As parcelas permanentes foram estabelecidas no ano de 1999 no setor Jarauá da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá considerando árvores acima de 10 cm de diâmetro à altura do peito (DAP). De cada árvore, o DAP, a altura total e as coordenadas x e y foram medidas. A densidade da madeira foi obtida por espécie de um banco de dados para transformar o inventário florestal em estimativas de BLAS através da aplicação de modelos alométricos que utilizam DAP, altura e densidade da madeira como parâmetros independentes. No levantamento do ano de 2008 o DAP das árvores remanescentes foi novamente medido para calcular taxas médias de incremento de BLAS para o período 1999 a 2008. Das árvores novas (recrutamento) o DAP foi medido e a BLAS estimada. Das árvores que morreram durante o periodo 1999-2008, taxas de mortalidade e perdas em BLAS foram estimadas para obter um balanço de carbono na BLAS (carbono é aproximadamente 50% da (BLAS). As taxas médias de incremento diamétrico anual foram maiores no estágio sucessional de 30 anos (0,42 cm) do que nas florestas com 135 anos (0,35 cm) e 250 anos (0,32 cm). As taxas anuais de mortalidade foram mais elevadas no estágio de 30 anos de idade (4,28 %) e diminuiram com aumento da idade da floresta para 3,31% (floresta de 135 anos) e 3,33% (floresta de 250 anos). As espécies arbóreas que apresentaram as maiores taxas de mortalidade foram: Cecropia membranaceae, Rhodostemonodaphne sp. e Pseudobombax munguba (estágio de 30 anos); Nectandra hihua, Oxandra riedeliana e Pouteria elegans (estágio de 135 anos); Mabea sp., Oxandra riedeliana e Paramachaerium ormosioides (estágio de 250 anos). As perdas anuais de BLAS foram mais altas nas florestas de 135 anos (4,3 Mg ha-1 ano-1) e de 250 anos (5,2 Mg ha-1 ano-1) em comparação com o estágio de 30 anos (3,1 Mg ha-1 ano-1). A somatória do incremento de BLAS das árvores remanescentes reduziu ao longo do gradiente de sucessão apresentando valores de 6,8 Mg ha-1 ano-1 no estágio de 30 anos, 6,2 Mg ha-1 ano-1 no de 135 anos e 5,1 Mg ha-1 ano-1 no de 250 anos. O recrutamento contribui com 0,6 Mg ha-1 ano-1 no estágio de 30 anos, 0,24 Mg ha-1 ano-1 no estágio de 135 anos e 0,30 Mg ha-1 ano-1 no estágio de 250 anos. No balanço de carbono (ganhos de BLAS pelo incremento das árvores remanescentes mais recrutamento menos perdas de BLAS pela mortalidade) somente o estágio de 30 anos indicou sequestro líquido significativo de 2,1 Mg C ha-1 ano-1. Com aumento da idade da floresta o balanço de carbono diminui para 1,1 Mg C ha-1 ano-1 (estágio de 135 anos) e atingiu um ponto de equilíbrio na floresta de 250 anos. A BLAS somente tem uma função significativa como sumidoura de carbono. nas primeiras décadas da sucessão primária. Florestas maduras acima de 200 anos indicam um balanço de carbono equilibrado na BLAS.

ASSUNTO(S)

botanica dinâmica do carbono floresta de várzea

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