Mudanças nas transações entre produtores de verduras e grandes empresas supermercadistas: um estudo de caso

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2011

RESUMO

Empresas supermercadistas líderes vêm desenvolvendo a categoria de Frutas, Legumes e Verduras (FLV) como estratégia de diferenciação. Para isso, algumas empresas vêm promovendo mudanças no modo como se abastecem, diminuindo a compra do mercado spot e buscando maior proximidade com o setor produtivo. Em termos operacionais, ganha destaque o uso de centrais de distribuição próprias e de ferramentas de avaliação de desempenho. Comercialmente, a estratégia volta-se para relações diretas com produtores rurais. Este processo trouxe novas exigências para a produção rural: economias de escala e de escopo, regularidade na disponibilidade e na qualidade dos produtos, adoção de tecnologias mais eficientes de produção, reorganizações entre fornecedores, etc., especialmente para pequenos e médios produtores de verduras. Na condução deste processo de mudanças, houve uma expansão das áreas de contato com o produtor, favorecendo a comunicação e a troca de informações, sustentadas pela adoção de sistemas de informação. Os estudos existentes sobre transações entre empresas supermercadistas e produtores de verduras não abordam suficientemente a dinâmica das mudanças nas transações e na governança adotada para coordená-las, nem as vantagens e desvantagens que delas decorrem. Assim, o presente trabalho descreveu as mudanças na estrutura de abastecimento de uma grande empresa supermercadista, os reflexos sobre as transações e as adequações feitas na estrutura de governança, abordando também as vantagens e desvantagens para os produtores de verduras e para a empresa. Dados primários sobre as transações foram coletados a partir de entrevistas junto à empresa supermercadista e os fornecedores de verduras responsáveis pelo abastecimento das lojas da Grande São Paulo, sendo analisados de forma qualitativa. Como resultado, foi constatado que as mudanças no modelo de abastecimento alteraram as transações e a forma organizacional adotada para coordená-las. A aproximação do setor supermercadista do produtor rural permitiu maior controle sobre a produção, direcionando ações de melhoria. Para isto, a empresa fez uso de programas de capacitação, auditorias e de ferramentas de controle de desempenho, elementos necessários para complementar o contrato que formaliza a transação. Foram encontrados elementos característicos das governanças híbridas, com predominância de forte liderança da empresa supermercadista na adequação do setor produtivo, conferindo maior capacidade de adaptação aos agentes frente às exigências do mercado. A adoção de uma estrutura híbrida trouxe vantagens e desvantagens para os agentes. Acesso às informações de mercado e aos programas de capacitação foram destaques entre as vantagens ao produtor. Já o enfraquecimento da marca do fornecedor foi uma desvantagem identificada. Para a empresa supermercadista, houve vantagens no controle sobre o abastecimento, com desvantagens pelos elevados custos da estrutura de controle. Na percepção dos agentes, as vantagens se sobrepõem às desvantagens. O processo de mudança no abastecimento envolveu seleção inicial de fornecedores, com exclusão daqueles que não conseguiam atender requisitos mínimos. Entretanto, arranjos organizacionais informais vêm se formando entre produtores e têm viabilizado a inserção de outros agentes nas transações. O estudo contraria as suposições de que as exigências impostas por empresas supermercadistas são fatores de exclusão de fornecedores, e valoriza sua importância no direcionamento de mudanças positivas na cadeia produtiva de verduras.

ASSUNTO(S)

gestão de suprimentos engenharia de producao estruturas de governança custos de transação produtor rural supermercados cadeia de suprimentos governance structures transaction costs farmer supermarkets fruit vegetables greens advantages disadvantages supply chain

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