Morfometria da unidade dermo-epidermica na cutis citrina de Milian e na pele não-exposta

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2001

RESUMO

Fotoenvelhecimento e fotodano são temas desafiadores e inesgotáveis. A maioria dos estudos enfatiza os aspectos epidérmicos, enquanto outros os dérmicos. Todavia, há poucos trabalhos referentes à íntima correlação entre estes dois compartimentos, que devem ser considerados como um todo: a unidade dermoepidérmica. o estudo foi baseado em 61 trabalhadores com mais de dez anos de fotoexposição, acima de 45 anos, que apresentavam dois padrões básicos de fotodano cutâneo: atrofia e elastose, dentro dos mesmos fototipos de pele I, 11 e m, segundo Fitzpatrick. Biópsias com "punch" de 5mm foram realizadas nas áreas livres de tumor ou de outras lesões na área exposta (1/3 proximal do antebraço), parcialmente exposta (1/3 médio interno do braço) e não-exposta (raiz lateral da coxa). Medidas da área da epiderme e derme foram avaliadas mediante análise de imagem computadorizada, com desenho à mão livre. O estudo estereológico da derme foi feito por meio da retícula de ciclóides (para fibras elásticas) e retícula segmentada (para fibras colágenas). A membrana basal foi estudada por imunoistoquímica. Foram avaliados os seguintes aspectos: espessura e área da epiderme e da derme, quantidade de tecido elastótico, quantidade de fibras colágenas, número de queratinócitos melanizados, número de camadas de células granulosas, espessura e continuidade da membrana basal e avaliação da faixa subepidérmica. Resultados: Na amostra examinada de indivíduos caucasóides crônica e intensamente expostos ao sol, a análise estatística revelou correlação significante entre: a) padrão clínico e fototipo: quanto menor o fototipo, maior a atrofia da pele; b) sexo e queratinócitos melanizados na área exposta: a pele cronicamente exposta ao sol apresenta pigmentação de distribuição irregular, significativamente mais acentuada nos indivíduos do sexo masculino; c) presença de neoplasias e idade: a fteqüência das neoplasias cutâneas é progressiva com a idade; o efeito deletério solar é cumulativo nos caucasóides de qualquer fototipo e de qualquer padrão clínico de fotodano; d) idade e espessura da epiderme: confon ne já está bem documentado, ad epiderme cronicamente exposta ao sol é mais espessa que a semi-exposta ou a coberta;i porém, foi observada correlação negativa entre a idade e a sua espessura na região cronicamente exposta ao sol. Ou seja, mesmo na área fotodanificada, ocorre atrofia epidérmica progressiva com a idade; e) área da epiderme e área da derme: a área total epidennodérmica da pele do braço mostrou-se menor do que a do antebraço e esta menor do que a da coxa, sendo a medida da epidenne inversamente proporcional à da denne. Ou seja: nos locais em que a derme é mais espessa, a epidenne é mais delgada; f) padrão clínico e colágeno na área não exposta: na pele coberta, o número de fibras colágenas da denne reticular é significativamente menor nos indivíduos de padrão atrófico, relativamente aqueles de padrão elastótico; g) idade e área dérmica na porção interna do braço: quanto maior a idade, menor a área da denne, ou seja, nesta região anatômica, ocorre atrofia progressiva da derme, com o avançar da idade. Não foi observada correlação entre: a) o padrão clínico (atrófico ou elastótico) e: 1- a idade; 2- o sexo; 3- quaisquer das contagens ou medidas epidérmicas ou dérmicas: uma vez que as diferenças entre os padrões (atrófico ou elastótico), tão aparentes à clínica, não se embasaram nem na espessura ou área da epidenne ou denne e nem no teor de fibras colágenas ou elásticas, pode-se cogitar que haja uma diferença na configuração espacial da pele elastótica, que seria, eventualmente, mais ondulada que a atrófica; b) o fototipo (I, fi, 111)e: 1- a idade; 2- o sexo; 3- quaisquer das contagens ou medidas epidérmicas ou dérmicas; c) presença de neoplasias e fototipo ou padrão clínico: não houve diferença significativa entre a presença ou a ausência de tumor e: 1- fototipo (1, lI, IlI); 2- padrão clínico (atrófico ou elastótico); d) medida da zona da membrana basal e fotoexposição: não foi encontrada diferença significativa entre a espessura da zona da membrana basal na pele das áreas exposta, semi-exposta e coberta. Todos os demais achados estão conformes ao que está descrito na literatura. Conclusão: Na amostra estudada (pele crônica e intensamente exposta ao sol), foi observado que: a) indivíduos caucasóides apresentam propensão crescente a desenvolver neoplasias cutâneas, à medida que o tempo de exposição se prolonga e não há diferença significativa de risco entre os diferentes fototipos (I, li, lil) e padrões clínicos (elastótico ou atrófico); b) a pele fotodanificada apresenta modificações de espessura e textura dos seus vários elementos, que não diferem, significativamente, entre os diferentes fototipos e padrões clínicos

ASSUNTO(S)

pele atrofia fotografia medica

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