Microcolecistolitíase: papel da ecoendoscopia em pacientes com pancreatite aguda sem causa aparente

AUTOR(ES)
FONTE

Revista da Associação Médica Brasileira

DATA DE PUBLICAÇÃO

2010

RESUMO

OBJETIVOS: Cerca de 30% dos doentes com PA rotulada como sem causa aparente apresentam colecistomicrolitíase (cálculos com até 3 mm). Não há, no momento, consenso quanto ao melhor método propedêutico para diagnosticá-lo e, entre os propostos, nenhum apresenta alta sensibilidade. A ecoendoscopia (EE) é excelente no diagnóstico da pancreatite crônica incipiente e microcálculos da vesícula biliar (MCV) ou colédoco. São poucas as referências na literatura internacional e nenhuma na nacional a respeito do emprego da EE na PA. O objetivo deste trabalho é o de estabelecer o valor da EE no diagnóstico da colecistomicrolitíase em doentes com PA sem causa aparente. MÉTODOS: Trinta e seis pacientes com o diagnóstico de PA sem causa aparente foram consecutivamente estudados durante cinco anos. Dos enviados para exame ecoendoscópico, 21 mulheres e 15 homens com média de idade de 41,6 anos. Todos haviam sido submetidos antes a pelo menos um US e uma TC, que não revelaram alterações na via bílio-pancreática e 63,9% deles tinham apresentado mais de um episódio de PA. O diagnóstico da colecistomicrolitíase pela EE realizada até uma semana durante o surto de PA baseou-se no tamanho do cálculo (até 3 mm, inclusive) e hiperecogeneicidade com ou sem sombra acústica. Todos os doentes foram colecistectomizados, após o exame ecoendoscópico. RESULTADO: O exame das peças cirúrgicas mostrou que 27 (75%) doentes apresentavam MCV e nove (25%) não. A EE levou a erro no diagnóstico da microlitíase em seis (16,8%) casos, quatro casos de falsos-positivos e dois casos de falsos-negativos. Em 30 casos (83,2%) houve confirmação dos seus resultados. A sensibilidade, a especificidade, os valores preditivos positivo, negativo e a acurácia (com intervalo de confiança de 95%) para a EE no diagnóstico dos MCV foram: 92,6% (74,2 a 98,7%), 55,6% (22,7 a 84,7%), 86,2% (67,4% a 95,5%), 71,4% (30,3 a 94,9%) e 83,2% (66,5% a 93%) respectivamente. CONCLUSÃO: A EE mostra-se, portanto, de grande valor na identificação da colecistomicrolitíase e a PA não deve ser considerada sem causa aparente antes da realização desse exame.

ASSUNTO(S)

cálculos biliares endossonografia pancreatite diagnóstico

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