Microcolecistolitíase: papel da ecoendoscopia em pacientes com pancreatite aguda sem causa aparente
AUTOR(ES)
Ardengh, José Celso, Malheiros, Carlos Alberto, Rahal, Fares, Pereira, Victor, Ganc, Arnaldo José
FONTE
Revista da Associação Médica Brasileira
DATA DE PUBLICAÇÃO
2010
RESUMO
OBJETIVOS: Cerca de 30% dos doentes com PA rotulada como sem causa aparente apresentam colecistomicrolitíase (cálculos com até 3 mm). Não há, no momento, consenso quanto ao melhor método propedêutico para diagnosticá-lo e, entre os propostos, nenhum apresenta alta sensibilidade. A ecoendoscopia (EE) é excelente no diagnóstico da pancreatite crônica incipiente e microcálculos da vesícula biliar (MCV) ou colédoco. São poucas as referências na literatura internacional e nenhuma na nacional a respeito do emprego da EE na PA. O objetivo deste trabalho é o de estabelecer o valor da EE no diagnóstico da colecistomicrolitíase em doentes com PA sem causa aparente. MÉTODOS: Trinta e seis pacientes com o diagnóstico de PA sem causa aparente foram consecutivamente estudados durante cinco anos. Dos enviados para exame ecoendoscópico, 21 mulheres e 15 homens com média de idade de 41,6 anos. Todos haviam sido submetidos antes a pelo menos um US e uma TC, que não revelaram alterações na via bílio-pancreática e 63,9% deles tinham apresentado mais de um episódio de PA. O diagnóstico da colecistomicrolitíase pela EE realizada até uma semana durante o surto de PA baseou-se no tamanho do cálculo (até 3 mm, inclusive) e hiperecogeneicidade com ou sem sombra acústica. Todos os doentes foram colecistectomizados, após o exame ecoendoscópico. RESULTADO: O exame das peças cirúrgicas mostrou que 27 (75%) doentes apresentavam MCV e nove (25%) não. A EE levou a erro no diagnóstico da microlitíase em seis (16,8%) casos, quatro casos de falsos-positivos e dois casos de falsos-negativos. Em 30 casos (83,2%) houve confirmação dos seus resultados. A sensibilidade, a especificidade, os valores preditivos positivo, negativo e a acurácia (com intervalo de confiança de 95%) para a EE no diagnóstico dos MCV foram: 92,6% (74,2 a 98,7%), 55,6% (22,7 a 84,7%), 86,2% (67,4% a 95,5%), 71,4% (30,3 a 94,9%) e 83,2% (66,5% a 93%) respectivamente. CONCLUSÃO: A EE mostra-se, portanto, de grande valor na identificação da colecistomicrolitíase e a PA não deve ser considerada sem causa aparente antes da realização desse exame.
ASSUNTO(S)
cálculos biliares endossonografia pancreatite diagnóstico
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