Drogas antirretrovirais e pancreatite aguda em pacientes com HIV/AIDS: existe alguma associação? Revisão da literatura

AUTOR(ES)
FONTE

Einstein (São Paulo)

DATA DE PUBLICAÇÃO

2014-03

RESUMO

Em HIV-soropositivos, a incidência de pancreatite aguda pode chegar até 40% ao ano, o que é consideravelmente maior que na população geral, cuja incidência é de 2%. A partir de 1996, com a introdução da terapia antirretroviral combinada, conhecida pela sigla HAART (highly active antiretroviral therapy), o espectro de fatores nocivos ao pâncreas, como infecções oportunistas e uso de drogas para sua quimioprofilaxia, diminuiu consideravelmente. Análogos nucleotídeos e anormalidades metabólicas, esteatose hepática e acidose láctica despontaram como novas condições que podem acometer o pâncreas. A fim de avaliar o papel das drogas antirretrovirais para tratamento do HIV/AIDS na incidência elevada de pancreatite aguda nessa população, foi realizada revisão sistemática, com inclusão de artigos originais, relatos e séries de caso, cujos alvos de estudo eram pacientes HIV-soropositivos que evoluíram com pancreatite aguda após exposição a alguma das drogas que compõem o esquema antirretroviral. Essa associação foi confirmada após exclusão de outras possíveis etiologias e/ou recorrência do episódio de pancreatite aguda após reexposição ao fármaco suspeito. Zidovudina, efavirenz e os inibidores de protease são suspeitos de levar a uma pancreatite secundária à hiperlipidemia. Já os análogos nucleotídeos da transcriptase reversa, apesar de serem potentes inibidores da replicação viral, possuem grande espectro de efeitos colaterais, entre eles a mielotoxicidade e a pancreatite aguda. Didanosina, zalcitabina e estavudina já foram reportados como produtores de pancreatite crônica e aguda, tendo risco elevado com dose cumulativa. Didanosina com hidroxiureia, álcool ou pentamidina são fatores de risco adicionais, podendo induzir a uma pancreatite fatal, embora pouco frequente. Além disso, outras drogas usadas para profilaxia de doenças oportunistas relacionadas à AIDS, como sulfametoxazol-trimetoprima e pentamidina, podem produzir pancreatite necrotizante. Apesar das comorbidades que podem levar ao acometimento pancreático na população com HIV/AIDS, pancreatite medicamentosa desencadeada por drogas antirretrovirais sempre deve ser considerada no diagnóstico diferencial desses pacientes que se apresentam com dor abdominal e elevação das enzimas pancreáticas.

ASSUNTO(S)

pancreatite/complicações pancreatite/etiologia pancreatite/epidemiologia terapia antirretroviral de alta atividade/métodos terapia antirretroviral de alta atividade/efeitos adversos hiv síndrome de imunodeficiência adquirida

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