Meu filho, que nome tem?: língua de sinais e função materna
AUTOR(ES)
Maria Cecilia Leal Giraldes de Formigoni
DATA DE PUBLICAÇÃO
2004
RESUMO
Este trabalho tem por objetivo, a partir da escuta de três mães, refletir sobre os impasses e as possibilidades que se organizam na relação mãe ouvinte-filho surdo numa proposta bilíngüe de educação para surdos. A teoria, tal como proposta pelo Interacionismo Brasileiro desenvolvido pela Lingüística e a Psicanálise francesa a partir de Lacan, nos ensina que a criança é significada e ressignificada na fala da mãe, instância privilegiada do funcionamento lingüístico que, por funcionar articulando desejo materno singular e leis de funcionamento de um sistema, localiza a criança numa posição que lhe confere a referência de sua própria significação antes de ela pode situar-se por si mesma. É a partir da alienação a esse lugar materno que a criança irá se constituir. A língua de sinais é, para os pais ouvintes, uma língua estrangeira. Em sua circulação na relação com seus filhos, ela tende a ser tomada apenas como um recurso comunicativo. No entanto, a Língua de sinais é outra língua. Essa descoberta confronta as mães com o dever de, tal qual uma mãe imigrante, autorizar seu filho a ter um Nome que venha de outro Pai - diferente daqueles determinados pela linhagem simbólica (seu próprio pai) e por escolha amorosa (o pai da criança). Considerando que na escolha do nome próprio inscreve-se o desejo parental, tomamos, como lugar para pensar o mal-estar que a língua de sinais introduz na relação mãe-filho, os efeitos simbólicos e imaginários da renomeação de seu filho nessa língua. Para que a Língua de Sinais seja imantada imaginariamente como lugara partirdo qual o filho poderáse constituir,é preciso que a mãe seja capaz de suportar a renúncia a seu lugar de mãe real. Abrir espaço para que esta diferença se inscrevasem que mãe e filho deixem de se reconhecer enquanto tal é o lugar de inserção de nossa prática
ASSUNTO(S)
mae e filhos linguagem de sinais surdez psicologia social bilinguismo surdos -- psicologia
ACESSO AO ARTIGO
http://www.sapientia.pucsp.br//tde_busca/arquivo.php?codArquivo=8468Documentos Relacionados
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