Memória de crianças em crônicas de escola: Modos de lembrar, de narrar e de ser

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

14/12/2011

RESUMO

Esta tese busca apresentar um contexto de pesquisa sobre a Memória Social das crianças quando do encontro delas com a experiência escolar. Tal movimento investigativo avançou sobre um território pouco conhecido, qual seja, aquele que perscruta os modos como elas se aventuram nas experiências de lembrar e de narrar. Sob a instigação de uma questão em torno do quê e do como as crianças se lembram, a experiência de linguagem tomada em seus aspectos de produção de sentidos, num cotidiano reinventado pelos processos de ressignificação do passado, foi amplamente considerada. Privilegiou-se a habilidade das crianças para o devaneio e para os deslocamentos de linguagem interpelados pela sua capacidade de produzir semelhanças. A noção de infância que permeou o caminho investigativo inspirou-se nas proposições histórico-filosóficas e culturais de Walter Benjamin e Paul Ricoeur. A Memória, tomada na perspectiva dos discursos entrelaçados à dinâmica social dos acontecimentos, perpassou o campo epistemológico da História e, nesse sentido, buscou-se uma interlocução com diferentes historiadores cuja prioridade investigativa é a Memória tal como David Lowenthal, Michael Pollack e Pierre Ansart. Na interface com os acontecimentos vividos pessoalmente e aqueles vividos por tabela no contexto da convivência humana, as crianças transitam por experiências de lembranças, de esquecimentos, de ressentimentos e de silenciamentos. Ao abarcar a temporalidade, as dinâmicas das operações de memória, consubstanciadas nas trocas sociais recorrentes no cotidiano das relações, são transpassadas pela dimensão objetal. Conforme Paul Ricoeur (2007), o que é objetável na constituição da memória social dos acontecimentos são os discursos passíveis da temporalidade que os engendra nas circunstâncias do presente. O motivo desta pesquisa é, portanto, a crença de que as crianças podem reiventar os sentidos de suas experiências com o passado e, dessa forma, reiventar também os sentidos da vida que experienciam nos tempos de seu viver. Ao compreender a criança como protagonista do discurso da memória, procurou-se o caminho metodológico da escuta das suas narrativas sobre as suas experiências escolares, sob a mediação de objetos geradores conforme a perspectiva de Ecléa Bosi e Francisco Régis Ramos, bem como o da percepção do arbítrio que envolve a ressignificação desses objetos conforme a perspectiva de Mario Chagas. Ao dar voz e vez às crianças, a pesquisa conferiu-lhes a condição de sujeitos protagonistas do discurso narrativo. Isso alterou o percurso investigativo, uma vez que elas, confiantes na escuta do pesquisador, imprimiram na pesquisa os seus modos de ser criança

ASSUNTO(S)

memória infância cultura escolar narrativas de crianças memory childhood school culture narratives of children educacao

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