Mecanismo de ação do receptor do hormônio tireoideano Beta 1 : caracterização molecular e funcional da região de dobradiça e influência do receptor do ácido 9-cis retinóico

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

Os receptores do hormônio tireoideano (TRs) são proteínas constituídas pelos seguintes domínios: amino-terminal, domínio de ligação ao DNA (DBD) e o domínio de ligação ao ligante (LBD). A região que conecta o DBD ao LBD supostamente age como uma dobradiça. O TR se liga ao DNA como homodímeros ou heterodímeros tendo como parceiro o receptor do ácido 9-cis retinóico (RXR). Estes dímeros pré-formados se ligam aos elementos responsivos (TREs) independente da orientação das bases AGGTCA. O TR reconhece três diferentes TREs: repetições diretas (DR-4: AGGTCAN4AGGTCA); palíndromos (TREpal: AGGTCATGACCT) e palíndromos invertidos (F2: TGACCTN6AGGTCA). Desta forma, para que os receptores se liguem especificamente aos TREs em diferentes orientações, especula-se a necessidade que os DBDs girem em até 180 graus em relação aos LBDs. Para isto, a região que conecta o DBD ao LBD deve atuar como uma dobradiça permitindo tal movimento de rotação. Com o objetivo de investigar qual região corresponderia à dobradiça foram realizadas mutações em diferentes regiões do TRβ1, região T-box (aminoácidos 175 a 180) e alça que conecta as hélices 1 e 2 do LBD (aminoácidos 233 a 238), e do RXRα, região T-box (aminoácidos 201 a 209) e alça que conecta o final do DBD a primeira hélice do LBD (aminoácidos 225 a 232). Foram realizados ensaios de ligação proteína-DNA utilizando proteínas sintetizadas in vitro TR e RXR, nativo e mutantes, marcados ou não com 35S-metionina, e oligonucleotídeos sintéticos contendo os diferentes TREs: DR4, TREpal e F2. Para o estudo funcional foram realizados ensaios de co-transfecção em células U937 e COS-1 com vetores de expressão para o TR e/ou RXR, nativos e mutantes, e plasmídeos contendo cada um dos elementos responsivos (DR-4, F2, TREpal ou DR-1) associados ao gene repórter da luciferase. Embora as mutações na região T-box do TR tenham influenciado a capacidade do receptor em se ligar ao DNA, principalmente como homodímero, e tenha reduzido drasticamente a atividade transcricional em F2, nós sugerimos que essa não seja a região de dobradiça, e sim uma região importante para a ligação de homodímeros. As outras regiões estudadas no TR e/ou RXR não influenciaram a ligação dos receptores aos diferentes TREs e a ativação da transcrição em resposta ao T3, sugerindo que estas regiões não atuem como uma dobradiça nestes receptores. Como os resultados com a deleção da região T-box do TR sugeriram que há uma ligação preferencial aos diferentes TREs, mais especificamente de homodímeros em F2, nós analisamos se o aumento dos níveis intracelulares de RXR poderia exercer um efeito modulatório seletivo em cada elemento responsivo em resposta ao T3. Para verificar essa possibilidade, foram realizados experimentos de co-transfecção e gene repórter em células U937. A co-transfecção de RXR inibiu a resposta mediada por T3 em F2 e TREpal, mas não em DR-4. Nós analisamos se esse efeito ocorria pela ligação direta de heterodímeros ao DNA, pelo seqüestro de co-ativadores em solução ou pelo seqüestro de TR em solução. Nossos resultados demonstraram que dependendo do contexto do DNA, o RXR exerce um efeito modulatório sobre o mecanismo de ação do TR. Em F2, esse efeito aparentemente ocorre de forma indireta pelo seqüestro de TR em solução diminuindo a sua disponibilidade para se ligar como homodímeros nesse elemento responsivo. Por outro lado, em TREpal o efeito modulatório se daria tanto pela ligação direta de heterodímeros ao DNA, quanto indireta pelo seqüestro de TR em solução, ambos devido ao fato deste elemento responsivo ser o sítio preferencial para a ligação de monômeros.

ASSUNTO(S)

ciencias da saude tireóide hormônios

Documentos Relacionados