Margem de segurança do meloxicam em cães: efeitos deletérios nas células sangüíneas e trato gastrintestinal
AUTOR(ES)
Alencar, Marilac Maria Arnaldo, Pinto, Marília Taumaturgo, Oliveira, Diana Magalhães, Pessoa, Adriana Wanderley de Pinho, Cândido, Ivanilde Andrade, Virgínio, Camila Gomes, Coelho, Henrique de Souza Matos, Rocha, Marcos Fábio Gadelha
FONTE
Ciência Rural
DATA DE PUBLICAÇÃO
2003-06
RESUMO
Este trabalho investigou a margem de segurança do inibidor COX-2, meloxicam, em cães, enfocando seus efeitos deletérios nas células sangüíneas e no trato gastrintestinal. Para tanto, após uma avaliação clínico-laboratorial, os cães foram distribuídos nos seguintes grupos: I (placebo; n= 3), II (piroxicam; 1,0mg kg-1; n= 5), III (meloxicam; 0,2mg kg-1; n= 5), IV (meloxicam;1,0mg kg-1; n= 5) e V (meloxicam; 2,0mg kg-1; n= 5). Os fármacos foram usados, por via oral, por 16 dias. No 17º dia, repetiu-se o hemograma completo e, então, procedeu-se a eutanásia seguida pela necrópsia. No grupo I, não houve alterações dignas de nota. No grupo II, todos os cães apresentaram episódios moderados de vômito e diarréia. O perfil celular sangüíneo não foi significativamente modificado. Em dois cães, houve redução no hematócrito e na hemoglobina. Na necropsia, observaram-se focos hemorrágicos e lesões gastriduodenais moderadas. A análise microscópica revelou a presença de gastrite e enterite ulcerativa. No grupo III, quatro cães (80%) apresentaram vômito e diarréia, sem alteração no perfil celular sangüíneo. Na análise macroscópica, observaram-se lesões brandas na mucosa gástrica e focos hemorrágicos no duodeno em quatro cães. Na histopatologia, observaram-se lesões sugestivas de discreta gastroenterite. No grupo IV, os cinco cães tiveram vômito e diarréia sanguinolenta. Quatro deles (80%) apresentaram anemia (p < 0,05). Quatro e cinco cães apresentaram redução no hematócrito e hemoglobina, respectivamente. Ocorreram, ainda, leucocitose, neutrofilia e linfopenia significantes (p < 0,05), em 60% dos cães. Na necrópsia, evidenciaram-se hiperemia, hemorragia e úlceras gástricas severas em 100% dos animais. Verificou-se na microscopia um quadro de gastroenterite ulcerativa nos cinco cães. No grupo V, todos os cães apresentaram sérios episódios de vômito, diarréia e melena. Os quatro (80%) cães que suportaram o tratamento apresentaram anemia e leucocitose com neutrofilia e linfopenia significativas (p< 0,05). Houve, ainda, uma redução no hematócrito e hemoglobina desses cães. Na necropsia, foram visualizadas hemorragias e graves ulcerações gastroduodenais. À histopatologia, evidenciou-se severa gastroenterite. Conclui-se que o meloxicam, mesmo sendo COX-2 seletivo, induz efeitos deletérios no trato gastrintestinal e células sangüíneas de cães, quando administrado em concentrações cinco e dez vezes a dose terapêutica, que demonstram sua estreita margem de segurança nesta espécie.
ASSUNTO(S)
antiinflamatório ciclooxigenase-2 toxicidade
Documentos Relacionados
- Efeitos do exercício físico sobre o trato gastrintestinal
- Patógenos isolados do trato gastrintestinal de cães saudáveis no Rio de Janeiro
- Efeitos do meloxicam, aplicado por diferentes vias, no controle de uveíte experimental em cães
- Lesões oculares por álcali em cães: efeitos da acetilcisteína e do soro sangüíneo
- Avaliação da atividade mioelétrica do trato gastrointestinal em cães: avaliação de um sistema de fixação de eletrodos na parede abdominal