Marachimbé chegou foi para apurar: estudo sobre o castigo simbólico, ou peia, no culto do Santo Daime

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2004

RESUMO

A pela é popularmente conhecida entre os adeptos do culto do Santo Daime como "a surra do daime". Expressa-se por vômitos, diarreias, tremedeiras, mal estar, ou qualquer outro tipo de evento desagradável pelo qual possa se encontrar o sujeito sob efeitos do potente alucinógeno de origem indígena. A escolha da pela, ou castigo simbólico, se deu por motivos pessoais e pelo fato de não haver quaisquer pesquisas sobre esse tema. É nossa hipótese que a pela é uma experiência simbólica de caráter polissêmico e não se limita somente à idéia de castigo. A sua interpretação e Dignificação estão intimamente relacionadas com a noção de cura e doença, e tem como implicação principal a ordenação simbólica dos adeptos. Os efeitos purgativos comuns à bebida, no Santo Daime, são resignificados e interpretados a partir de um sistema de valores que prioriza o bem, a luz, a "verdade", em detrimento do real, das trevas e da "ilusão". A pela tem, assim, ação coercitivo e mediadora, agindo no sentido de promover o aprimoramento da conduta dos adeptos segundo o modelo idealizado por mestre Irineu e padrinho Sebastião, lideres principais da linha daimista pesquisada. A pela, enfim, não é um fenômeno a priori é produto cultural das experiências idiossincráticas dos lideres e demais daimistas e, dessa forma, tem também importância histórica, na medida em que grandes pelas coletivas são lembradas como momentos de dificuldades vivido pelo grupo. A pesquisa foi participante e realizou-se na igreja paulista Céu de Maria, localizada nos arredores da capital paulistana, junto à fiscais masculinos e femininos

ASSUNTO(S)

teologia marachimbe santo daime

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