Mapeamento Genético do HIV-1 e Análise de Resistências Associadas aos Antirretrovirais em Pacientes do Centro - Oeste Brasileiro

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

15/03/2011

RESUMO

Introdução: Estudos locais sobre prevalência de mutações de resistência transmitida, secundária e diversidade genética do HIV-1 em diferentes populações, especialmente em um país continental como o Brasil que oferece tratamento gratuito com os antirretrovirais (ARVs), pode contribuir para uma melhor prevenção contra a infecção pelo HIV-1. Objetivos: Investigar as mutações de resistência transmitida e secundária associadas aos ARVs e a diversidade genética do HIV-1 no Centro Oeste Brasileiro. Métodos: Pacientes sem tratamento ARV foram recrutados em Campo Grande/MS em 2008 e 2010 (n=49) e 27 presidiários infectados com HIV-1 em terapia ARV foram envolvidos no estudo de Campo Grande/MS e Goiânia/Goiás recrutados nos anos de 2008/2009. Fragmentos dos genes da protease (PR), transcripatase reversa (TR) e env gp41 foram retrotranscritos a partir do RNA HIV-1 do plasma, sequenciados e genotipados após a reação de cadeia da polimerase (PCR). As mutações de resistência transmitida e secundária foram identificadas empregando a ferramenta de Calibração de Resistência Populacional (CPR) disponibilizada no site da Universidade de Stanford e pelo banco de dados do IAS-USA (The International AIDS Society). Os subtipos do vírus HIV-1 foram determinados e identificados empregando análises no banco de dados do REGA, pelo software jpHMM-HIV e por inferência filogenética. Resultados: As análises filogenéticas dos fragmentos da PR e TR apresentaram que dois homens que fazem sexo com homens (4,1%; 2/49) apresentaram isolado do HIV-1 com a mutação de resistência V75M, um paciente apresentou um isolado com a mutação de reversão T215S e 4 apresentaram a mutação V179D/E. A maioria dos isolados de HIV-1 (65.3%, 32/49) foram identificados como subtipo BPRBRT, 10.2% subtipo CPRCRT e 8.2% subtipo F1PRF1RT. A recombinação intersubtipo foi de 16.3%. Sequências de isolados de HIV-1 na região env gp41 de 32/49 pacientes indicaram resistência transmitida para o T-20 em 3 pacientes: mutação L44M (n=2), mutação V38A (n=1). A prevalência do HIV-1 B foi de 84%, F1 foi de 12.5% (4/32) e do subtipo C foi de 3%. As mutações de resistência secundárias tiveram uma prevalência de 37% (10/27) entre os pacientes prisioneiros: 5/10 apresentaram mutações para os ITRNs+ITRNNs, 3/10 tinham mutações para os ITRNs, 2/10 eram multiresistentes aos ARVs. A prevalência do HIV-1 foi de 48% para o subtipo B e 11% de subtipo C. Padrões de recombinação complexos foram observados em 41% dos pacientes. Análises filogenéticas utilizando sequências locais indicaram isolados com altos valores sugestivos de transmissão intra-presídio no MS: duas mulheres usuárias de drogas injetáveis com subtipo C, 2 grupos de homens que fazem sexo com homens presidiários: um representado pelo subtipo B do HIV-1, outro pelo recombinante BF1. Conclusão: Este estudo apresentou uma baixa prevalência de resistência transmitida associada com a mutação V75M para os ITRNs e uma moderada prevalência (9%) de resistência transmitida associada ao T-20. Investigações do monitoramento das taxas de transmissão de resistência transmitida nos genes pol são necessárias no Centro Oeste e estudos subseqüentes podem indicar o impacto das mutações para o T-20 no risco da falha terapêutica. A alta prevalência de resistência secundária associada aos ARVs (37%) nos pacientes presidiários dos estados do MS e GO, as complexas formas recombinantes do HIV-1 e a possível transmissão intra-presídio observadas sugerem uma falta de boa adesão ao tratamento com os ARVs e acentuam a necessidade de estratégias de aconselhamento, prevenção e tratamento para a população presidiária por parte das instituições de saúde pública.

ASSUNTO(S)

diversidade genética antirretrovirais resistência imunologia hiv-1

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