Listening and the body of the analist / A escuta e o corpo do avalista.

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2005

RESUMO

Esta pesquisa tem como ponto de partida uma questão bastante mencionada por autores que escrevem sobre a clínica psicanalítica. Trata-se da presença, entre os efeitos que a escuta produz no analista, de sensações e outras manifestações corporais que de alguma maneira se relacionam com o que se passa na sessão. Um algo mais de natureza corporal se apresenta na comunicação, acompanhando os processos associativos do analista ou, às vezes, interrompendo ou substituindo o seu pensamento associativo e exigindo elaboração. Este efeito se faz sentir especialmente na clínica dos chamados casos difíceis, nos quais está em jogo a dificuldade de representar, mas também pode ocorrer em momentos críticos de qualquer análise. Para atravessar o recato investigativo que cerca o corpo do analista, um primeiro recurso utilizado é uma aproximação com o trabalho do ator, cujo corpo, ao contrário do analista, não se oculta. A obra de Constantin Stanislavski dá a conhecer um método no qual o trabalho do ator visa a construir as características físicas e psicológicas da sua personagem com naturalidade, a partir de um trabalho interior de criação que se apóia em sua memória emocional e apresenta muitas afinidades com o trabalho interior do analista. A partir deste contraponto, são examinadas as formulações de Freud sobre a prática psicanalítica, de modo a estabelecer a especificidade da presença do corpo do analista na sessão. Em analogia com o sonho, embora imóvel na poltrona e despojado de suas funções habituais, o corpo do analista ganha mobilidade em uma outra cena. Na clínica que acolhe a dificuldade de representar, entretanto, o corpo está sujeito a ser solicitado de maneiras mais concretas, e cabe ao analista encontrar as condições de uma escuta que, sem recusar a implicação, possibilite o prosseguimento da análise apesar da constante pressão exercida sobre a suas reservas. Um estudo teórico examina as particularidades desta situação, articulando três eixos de pensamento: uma concepção ampliada da contratransferência, a metapsicologia do afeto e da sua estreita relação com o corporal, e a instauração do vazio que possibilita a regressão e o trabalho da figurabilidade, entendido como processo de produção do sonho no qual o corpo está implicado. Desta reflexão surge uma concepção do corpo do analista como uma interface sensível e dinâmica da contratransferência, com função de recepção e de criação. Dois relatos clínicos contribuem para enriquecer a elaboração teórica desenvolvida.

ASSUNTO(S)

afect escuta psicanalitica contransferencia terapia psicanalítica expressão corporal naliti listening corpo countertransference body psicologia afeto

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