Late Holocene development of a mangrove ecosystem in southeastern Brazil (Itanhaém, state of São Paulo): palynological contribution / Contribuição Palinológica ao estudo da evolução do Manguezal do Rio Itanhaém, Litoral Sul de São Paulo

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2003

RESUMO

O registro palinológico de manguezais atuais é, de uma maneira geral, pouco estudado. A maioria dos trabalhos foram realizados na região Indo-Pacífica (India, Polinésia e Norte da Austrália), de modo que pouco se sabe sobre registros palinológicos deste ecossistema na região do Atlântico Sul. Os trabalhos realizados na costa brasileira são restritos a poucas áreas, tendo em vista a ampla distribuição de bosques de mangue ao longo do litoral do Brasil. Neste contexto, esta pesquisa buscou contribuir para o conhecimento da evolução de um ecossistema de manguezal, através da análise palinológica de testemunho coletado em sedimentos do manguezal de Itanhaém, litoral sul de São Paulo. A planície costeira de Itanhaém possui cerca de 50 km de comprimento e largura máxima de 15 km. A margem do rio Itanhaém e de seus afluentes são ocupadas, a jusante, por densa mata de restinga, em sua maior parte em condições primárias de conservação e, a montante, próximo das encostas da serra do mar, por floresta tropical (mata atlântica). Próximo à foz do rio Itanhaém existe uma área de aproximadamente 3,5 km2 ocupada por manguezal pouco degradado. Além da análise palinológica de um testemunho raso (135 cm) coletado na área de manguezal, foi realizada a calibração dos ecossistemas presentes (manguezal, restinga e mata atlântica) em termos de chuva polínica moderna. Ao longo do testemunho, foram coletadas amostras para a análise palinológica em intervalos de 4 cm e foram selecionados quatro níveis, de acordo com mudanças no tipo de sedimento, para datações 14C. Pelos resultados obtidos, através da análise palinológicas das amostras do testemunho, foi possível observar uma forte influência dos gêneros de mata tropical no registro polínico do manguezal. Estes dados, aliados a dados da bibliografia, mostraram diferenças significativas no registro palinológico de manguezais das regiões sudeste-sul e norte-nordeste. Trabalhos realizados na região norte-nordeste apresentaram registros com super-representação de pólens de Rhizophora, enquanto que os trabalhos feitos na região sudeste-sul indicaram pouca quantidade de pólens de associação típica de mangue (Rhizophora/Avicennia) e grande quantidade de taxa polínicos de mata. Esta diferença pode ser explicada pela distância que separa os manguezais da mata atlântica. A análise dos dados obtidos permitiu a elaboração de um modelo para explicar a evolução do manguezal de Itanhaém. O manguezal de Itanhaém deve ter surgido nesta região há pelo menos 1300 anos AP. Há cerca de 1000 anos AP este ecossistema deve ter se expandido até áreas próximas ao local onde o testemunho foi coletado e colonizado a área do testemunho por volta de 330 anos AP. A evolução do manguezal de Itanhaém estaria relacionada à dinâmica sedimentar do estuário. Desta forma, o desenvolvimento e expansão da vegetação de mangue teria ocorrido com o aumento da faixa de intermaré do estuário, provocado por progradação de deltas de cabeceira de baía.

ASSUNTO(S)

holoceno holocene pollen record chuva polínica moderna mangrove manguezal modern pollen rain palinologia

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