Lagoftalmo na hanseníase: experiência clínica em centro de referência amazonense

AUTOR(ES)
FONTE

Rev. bras.oftalmol.

DATA DE PUBLICAÇÃO

2021-02

RESUMO

RESUMO Objetivo: O presente trabalho teve por objetivo caracterizar o perfil epidemiológico e clínico de pacientes com lagoftalmo associado à hanseníase, atendidos no ambulatório de oftalmologia da Fundação Alfredo da Matta, Manaus, Amazonas. Métodos: Trata-se de estudo retrospectivo realizado por meio da análise dos prontuários clínicos dos pacientes incluídos no estudo. Sexo, idade, forma clínica, grau de incapacidade no diagnóstico e desfecho foram obtidos dos prontuários. Início, tipo de comprometimento (unilateral ou bilateral), grau de intensidade do lagoftalmo e alterações oculares associadas também foram compilados. Resultados: Foram incluídos 65 pacientes; 66,1% eram do sexo masculino e 53,8% tinham idade superior a 60 anos. Em relação à classificação operacional da hanseníase, a maioria dos pacientes (81,5%) era multibacilar: 33,8% na forma de hanseníase borderline e 47% virchowiana. 36,9% casos apresentavam sequelas oculares associadas ao lagoftalmo: opacidade corneana, epífora, ceratopatia em faixa, e neovascularização corneana.41,6% evoluíram para a cegueira. O lagoftalmo foi conduzido de forma clínica em 23 pacientes e a abordagem cirúrgica foi indicada em 42. Em relação ao tratamento cirúrgico consistiu principalmente no implante de peso de ouro e na cantoplastia de Tessier. Discussão: O lagoftalmo nessa casuística acometeu mais homens idosos, esteve relacionado à forma multibacilar, com hanseníase do tipo virchowiano como relatado na literatura. O diagnóstico de lagoftalmo foi tardio na maioria dos casos, explicando o grande número de sequelas incluindo a cegueira. Conclusão: O presente estudo reforça a necessidade de acompanhamento oftalmológico precoce para que as potenciais e graves sequelas associadas a essa condição sejam evitadas.

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